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Revolta de escravizados em Minas Gerais ganha nova perspectiva em livro impactante

Livro revela detalhes da Revolta de Carrancas, a insurreição mais violenta de escravizados no Brasil, com 33 mortos em um único dia.

Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, a mais importante evidência física associada à chegada de africanos escravizados ao continente (Foto: José Lucena/Thenews2/Folhapress)

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O dia 13 de maio é amplamente reconhecido pela assinatura da Lei Áurea, em 1888, que aboliu a escravidão no Brasil. Contudo, a falta de medidas compensatórias para os ex-escravizados é frequentemente debatida. Um aspecto menos conhecido dessa data é a Revolta de Carrancas, ocorrida em 1833, que agora ganha destaque com o lançamento do livro "Caramurus Negros".

A obra, escrita por Marcos Ferreira de Andrade, professor de história da Universidade Federal de São João del Rei, reconstitui a insurreição que resultou na morte de pelo menos 33 pessoas. Este levante é considerado o mais sangrento entre as insurreições de escravizados no Brasil, com 17 condenações à morte, das quais 16 foram executadas. A revolta, que envolveu cerca de 60 escravizados, ocorreu em apenas um dia em propriedades da família Junqueira, no sul de Minas Gerais.

Contexto da Revolta

O líder da revolta, Ventura Mina, e outros escravizados atacaram a fazenda Campo Alegre, onde mataram Gabriel Francisco de Andrade Junqueira, filho de um deputado. O grupo seguiu para a fazenda Bela Cruz, onde mais membros da família Junqueira foram mortos. A resistência na terceira fazenda, Jardim, resultou na morte de Ventura Mina e seus companheiros. Ao final do dia, nove membros da família Junqueira e cinco escravizados estavam entre os mortos.

Um boato que circulava na região, ligado ao contexto político da época, foi crucial para o início da revolta. Nos anos 1830, havia três correntes políticas no Brasil: os liberais moderados, os liberais exaltados e os caramurus, que defendiam o retorno de Dom Pedro I. Um comerciante informou a Ventura Mina que os caramurus haviam abolido a escravidão em Ouro Preto, o que gerou indignação entre os escravizados.

Repercussões Históricas

Andrade destaca que a revolta de Carrancas atingiu diretamente uma família senhorial, algo que as elites temiam em uma sociedade escravista. Em comparação, a Revolta dos Malês, em 1835, embora maior em número de insurgentes, resultou em menos condenações à morte. O autor acredita que a insurreição de Carrancas é um exemplo de como as elites políticas instrumentalizaram grupos subalternos.

O livro "Caramurus Negros" é fruto de mais de três décadas de pesquisa e revela detalhes sobre o processo criminal dos rebeldes, encontrado no Museu Regional de São João del Rei. Além do lançamento do livro, Andrade está produzindo um documentário sobre a revolta, buscando dar a visibilidade que esse episódio histórico merece. O lançamento do livro ocorrerá em 24 de junho, em São Paulo, e em 9 de julho, no Rio de Janeiro.

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