07 de jul 2025

Fóssil de réptil marinho grávido revela mistérios do supercontinente Gondwana
Descoberta de ictiossauro grávida revela feto preservado e restos de peixes, aprofundando o entendimento sobre a evolução marinha.

Fiona, um fóssil de ictiossauro de 131 milhões de anos no campo glacial argentino, onde foi descoberto, com a paleontóloga Judith Pardo-Pérez, em 2023 (Foto: Alejandra Zúñiga)
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Cerca de 131 milhões de anos atrás, uma ictiossauro grávida, batizada de Fiona, nadava em mares que hoje correspondem ao sul do Chile. Sua morte está ligada à fragmentação do supercontinente Gondwana, que causou a abertura da bacia oceânica Roca Verdes. Matthew Malkowski, professor de ciências geológicas da Universidade do Texas, sugere que essa pode ser a abertura inicial do Oceano Atlântico Sul.
As forças geológicas que separaram os continentes também provocaram vulcões e terremotos, que, por sua vez, desencadearam deslizamentos submarinos. Esses deslizamentos podem ter aprisionado os ictiossauros, levando-os ao fundo do cânion e cobrindo-os com sedimentos. Judith Pardo-Pérez, professora da Universidade de Magallanes, explica que o sepultamento preservou o corpo de Fiona, que tinha cerca de quatro metros. Com o tempo, os sedimentos endureceram, transformando-se em rocha.
Em 2009, Pardo-Pérez descobriu os ossos de Fiona, que estavam cobertos por um glaciar. Em 2022, uma equipe de pesquisadores conseguiu escavar o esqueleto quase intacto, dividido em cinco blocos de 180 quilos cada. O fóssil recebeu o nome de Fiona devido a uma reação química que deixou seus ossos com uma coloração verde fluorescente. Além do esqueleto, os pesquisadores encontraram um feto de aproximadamente 50 centímetros e restos de peixes, indicando que os ictiossauros davam à luz filhotes vivos.
Interação entre Geologia e Paleontologia
A pesquisa sobre Fiona destaca a relação entre geologia e paleontologia. As rochas fornecem informações sobre o ambiente em que os animais viveram, enquanto o registro fóssil ajuda a testar hipóteses sobre as mudanças nas correntes oceânicas. Malkowski e Pardo-Pérez colaboraram para determinar a época em que Fiona viveu, utilizando camadas de cinzas vulcânicas para datar o fóssil.
Os ictiossauros, que subiam à superfície para respirar, provavelmente se alimentavam de peixes que necessitavam de oxigênio dissolvido na água. Isso sugere que um canal se abriu, permitindo a oxigenação das águas. A bacia de Roca Verdes, rica em fósseis, abriga outros 87 ictiossauros já encontrados. Com o derretimento do glaciar, o clima rigoroso está desgastando os fósseis.
A próxima expedição de Pardo-Pérez está agendada para janeiro. O sítio é considerado o mais rico e bem preservado do planeta para esse período. Recentemente, uma tomografia computadorizada revelou outro feto completo preservado dentro do fóssil de Fiona, surpreendendo ainda mais os pesquisadores.
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