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Antropólogos forenses enfrentam desafios na identificação de desaparecidos de Pinochet

O Grupo de Antropólogos Forenses, liderado por Iván Cáceres e Isabel Reveco, surgiu após a ditadura de Pinochet, focando na identificação de vítimas de desaparecimentos forçados. As exumações no Pátio 29 revelaram desafios, como rivalidades internas e irregularidades nos relatórios de identificação, comprometendo a precisão do trabalho. A relação com as famílias das vítimas era crucial, mas a parcialidade nas investigações levantou questões éticas sobre a objetividade dos antropólogos. Revelações de irregularidades nas identificações, como discrepâncias de idade e altura, geraram desconfiança e tensão entre os membros do GAF e o Serviço Médico Legal. O impacto emocional das identificações foi profundo, trazendo tanto alívio quanto negação para as famílias, refletindo a complexidade da busca por justiça e verdade no Chile.

Foto: Reprodução

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Na década de 1970 e início dos anos 80, muitos dos pioneiros da antropologia forense no Chile eram estudantes que vivenciaram os abusos do regime militar. Iván Cáceres, por exemplo, escondeu-se após ver sua mãe e amigos serem presos. Isabel Reveco, também estudante de antropologia, teve três irmãos presos e torturados. Ela se tornou antropóloga forense para buscar um amigo desaparecido. Nos anos 80, o antropólogo norte-americano Clyde Snow adaptou a antropologia forense para investigar abusos de direitos humanos, treinando equipes na Argentina e, posteriormente, no Chile.

O Grupo de Antropólogos Forenses (GAF) foi formado com a orientação de Snow, combinando diversas disciplinas para identificar vítimas de atrocidades. Eles desenvolveram dois tipos de relatórios: o “antemortem”, que reunia informações sobre a vida da vítima, e o “postmortem”, que analisava os restos esqueléticos. A comparação entre esses relatórios ajudava a identificar as vítimas, mas a similaridade entre os desaparecidos, muitos deles estudantes, complicava a identificação. A colaboração com a polícia era limitada, pois muitas vezes eram responsáveis pelos desaparecimentos, levando os antropólogos a trabalhar principalmente com as famílias.

Após o fim do regime de Pinochet, em 1990, o GAF começou a investigar o Pátio 29 do Cemitério Geral de Santiago, onde se acreditava que muitas vítimas estavam enterradas. Em 1991, a escavação revelou 125 conjuntos de restos humanos. O trabalho foi difícil e emocional, com os cientistas enfrentando a realidade brutal do passado. Após as exumações, os restos foram levados ao Serviço Médico Legal (SML) para identificação, mas surgiram rivalidades entre o GAF e o SML, complicando o processo. Revelações de irregularidades nas identificações aumentaram as tensões, especialmente quando Cáceres encontrou discrepâncias alarmantes nos relatórios.

Isabel Reveco, após deixar o GAF, uniu-se ao SML, onde as identificações de corpos aceleraram. Em 1994, Flor Lazo recebeu a notícia da identificação de seu irmão, Rodolfo, que havia sido assassinado. O velório foi um momento de emoção, mas não todos sentiram o mesmo encerramento. A mãe de Lazo, Teresa, não acreditou que o corpo era de seu filho, refletindo a dor e a negação que muitos familiares enfrentaram. Enquanto isso, Cáceres continuava a questionar a precisão das identificações, evidenciando a complexidade e os desafios enfrentados na busca pela verdade e justiça para as vítimas do regime.

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