28 de fev 2025
Erros na identificação de corpos revelam falhas do Serviço Médico Legal no Chile
O Serviço Médico Legal do Chile enfrenta críticas desde a década de 1990, após erros em identificações de vítimas da ditadura. Nova análise de DNA revelou que 48 das 96 identidades do Pátio 29 estavam incorretas, gerando indignação pública. Fragmentos de ossos de 16 homens foram encontrados em uma ravina, confirmando execuções. A presidente Michelle Bachelet criou uma comissão para investigar as falhas do SML, resultando em demissões. O caso destaca a luta contínua por justiça e verdade sobre as atrocidades da ditadura chilena.
Foto: Reprodução
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Em 1994, a cientista Patricia Hernández levou a Glasgow, Escócia, moldes de gesso de crânios e amostras de restos mortais do Pátio 29, o maior cemitério coletivo da ditadura chilena. O objetivo era relacionar esses restos com informações de famílias desaparecidas. O material foi analisado por Peter Vanezis, chefe do Departamento de Medicina e Ciência Forense da Universidade de Glasgow, que utilizou técnicas avançadas, como a análise de DNA mitocondrial. Os resultados, no entanto, mostraram discrepâncias significativas, sem correspondências entre os restos e os familiares.
O "Relatório de Glasgow", que também avaliou a qualidade dos moldes de gesso, provocou agitação no Serviço Médico Legal (SML). A diretoria do SML, ao tomar conhecimento dos resultados, expressou preocupação com a validade do trabalho realizado até então. Isabel Reveco, uma das responsáveis, afirmou que o relatório não tinha validade científica, enquanto Marisol Intriago Leiva, que dirigiu a unidade de identificações, defendeu a validade dos resultados, que foram confirmados após reanálises realizadas pelo SML.
Após a revelação de que muitos corpos identificados estavam incorretos, a indignação pública cresceu, levando a então presidente Michelle Bachelet a criar uma comissão para investigar o caso. A investigação concluiu que o SML cometeu erros graves, afetando a confiança das famílias nas identificações. Revelações sobre a falta de rigor nas metodologias utilizadas e a má gestão dos casos resultaram na dissolução da unidade de identificação e na demissão de funcionários.
Em 2007, após anos de busca, fragmentos de ossos foram encontrados em uma ravina, confirmando que 16 homens, incluindo familiares de Flor Lazo, foram executados ali. A análise de DNA confirmou a identidade de alguns dos mortos, mas Rodolfo, filho de Lazo, não foi encontrado. A descoberta trouxe um misto de alívio e dor, pois a busca por respostas sobre os desaparecidos continuava, revelando a complexidade e a tragédia das consequências da ditadura chilena.
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