08 de mai 2025
Educação antirracista é urgente e deve começar desde a infância, afirmam especialistas
Mães negras promovem diálogos antirracistas com famílias brancas, destacando a urgência do letramento racial desde a infância.
Foto de uma planta de produção de laticínios da cooperativa agrícola francesa 'Les Maitres laitiers du Cotentin'. A planta fabrica produtos lácteos destinados ao mercado da China. (Foto: CHARLY TRIBALLEAU/AFP via Getty Images)
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O racismo estrutural no Brasil continua a ser um tema relevante, especialmente em relação ao impacto sobre crianças. Mães negras têm promovido diálogos antirracistas com famílias brancas, destacando a importância do letramento racial desde a infância. Essa iniciativa surge após incidentes de exclusão e discriminação, que evidenciam a necessidade de abordar o racismo de forma proativa.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que trabalhadores pretos e pardos recebem, em média, 40% menos do que seus colegas brancos. Além disso, meninas negras são três vezes mais suscetíveis ao abandono escolar em comparação com meninas brancas, segundo levantamento do UNICEF. Esses dados reforçam a urgência de conversas sobre racismo nas famílias.
Luana Genot, diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil (IDBR), compartilha sua experiência ao ver sua filha de sete anos ser excluída em uma academia devido à cor da pele. Ela destaca que sua filha possui letramento racial, o que a ajuda a identificar e nomear o racismo. Luana argumenta que o silêncio sobre o tema permite que o racismo se perpetue. “O racismo é como um vírus letal. E a vacina é o letramento racial”, afirma.
Ações Necessárias
Mães como Sandra Campos e Leni Pires das Mercês têm se mobilizado para educar seus filhos sobre a importância de enfrentar o preconceito. Sandra enfatiza que é fundamental mostrar às crianças que pertencem a todos os espaços. Leni, por sua vez, lê livros antirracistas com seus filhos e discute a representação de pessoas negras na mídia, ressaltando que a representatividade impacta a autoestima.
Os casos de racismo vividos por crianças em ambientes escolares e sociais têm gerado mobilizações. Um grupo de mães organizou um ato antirracista após estudantes de uma escola particular serem vítimas de discriminação em um shopping. Essas ações visam conscientizar a comunidade escolar sobre a gravidade do racismo.
Diálogo e Educação
Especialistas afirmam que o diálogo sobre racismo deve ser contínuo e não pontual. A socióloga Luciana Bento destaca que as crianças não devem naturalizar violências como o racismo. Para isso, é essencial que os adultos estudem e compreendam a cultura afrodescendente antes de ensinar às crianças. Isabel Aquino, mãe branca, reforça a necessidade de entender os privilégios da branquitude e como contribuir para a mudança.
O antirracismo precisa ser uma prática diária em todas as famílias. As mães entrevistadas concordam que não há mais espaço para adiar esse debate. A educação antirracista deve ser incorporada nas escolhas cotidianas, como a leitura de livros de autores negros e a diversificação de brinquedos.
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