26 de fev 2025
Boric anuncia plano para localizar desaparecidos da ditadura de Pinochet no Chile
Em agosto de 2023, o presidente Gabriel Boric anunciou o Plano Nacional de Busca. A iniciativa visa localizar restos mortais de desaparecidos da ditadura de Pinochet. Apesar do esforço, a desconfiança em relação ao Estado e ao Serviço Médico Legal persiste. Flor Lazo, que perdeu familiares, expressa ceticismo sobre a eficácia do plano. O evento destaca a luta contínua por memória e justiça no Chile, 50 anos após o golpe.
Ministério de Relações Exteriores do Chile - a foto foi colorida por Janitoalevic (Foto: Reprodução)
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Em agosto de 2023, o presidente do Chile, Gabriel Boric, discursou em Santiago, lembrando os cinquenta anos do golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet. Ele criticou o negacionismo em relação aos crimes da ditadura, questionando como responder a quem tenta esquecer o passado. Durante o evento, Boric anunciou o Plano Nacional de Busca, uma iniciativa que empregará novas tecnologias para localizar os restos de mais de mil desaparecidos durante o regime militar. Ele enfatizou a importância de recuperar as histórias das vítimas para reconstruir a memória coletiva do país.
A presidente da Associação de Parentes dos Detidos, Desaparecidos e Executados de Paine, Flor Lazo, expressou ceticismo em relação ao plano, lembrando a dor de ter perdido seu pai e irmãos no contexto da repressão. Lazo, que há décadas busca por seus entes queridos, destacou a fragilidade da confiança nas promessas do governo, refletindo sobre as experiências traumáticas que marcaram sua vida. Apesar das desconfianças, ela decidiu apoiar a nova iniciativa, vendo-a como uma oportunidade crucial para a última geração que viveu a violência da ditadura.
O Plano Nacional de Busca é o mais ambicioso até agora, mas não é o primeiro esforço do governo chileno. Desde a redemocratização em 1990, cientistas e profissionais têm investigado as atrocidades da ditadura, utilizando a antropologia forense para identificar restos mortais. Contudo, erros cometidos na década de 1990 resultaram em identificações equivocadas, prejudicando a confiança da população no Serviço Médico Legal (SML), que deve liderar o novo esforço. A desconfiança em relação ao SML persiste, e muitos parentes de desaparecidos ainda se sentem frustrados com a falta de resultados.
Lazo recorda a vida pacífica que sua família levava antes do golpe, marcada por um casamento alegre e a expectativa de um novo membro na família. A repressão brutal que se seguiu ao golpe resultou no sequestro de seus entes queridos, e a busca por eles se tornou uma luta interminável. Apesar das dificuldades e da indiferença do Estado, Lazo e outros parentes continuam a buscar justiça e verdade, enfrentando um passado que ainda ecoa nas suas vidas. A descoberta de valas comuns ao longo dos anos, embora represente um avanço, também revela a profundidade da dor e da luta por reconhecimento das vítimas do regime de Pinochet.
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