Conflito em Buenos Aires: Aposentados e torcidas organizadas se unem contra Milei

Centenas de manifestantes se confrontaram com a polícia em Buenos Aires na quarta-feira, 12 de junho de 2024, durante um protesto contra as políticas do presidente Javier Milei. A mobilização teve início com aposentados que exigiam reajustes nos benefícios, mas rapidamente ganhou apoio de torcidas organizadas de clubes de futebol, que se uniram contra o governo. Os protestos ocorreram na Avenida 9 de Julho, concentrando-se em torno do Congresso, onde os manifestantes se opuseram ao ajuste fiscal promovido por Milei.

Os confrontos começaram por volta das 17h00, quando os manifestantes desafiaram os cordões policiais que tentavam desbloquear as vias em frente ao Congresso, protegido por barreiras metálicas. Durante os distúrbios, os manifestantes lançaram pedras, fogos de artifício e bombas de efeito moral, enquanto a polícia respondeu com spray de pimenta, balas de borracha e caminhões com canhões de água. Veículos e contentores de lixo foram incendiados, resultando em pelo menos quatro detenções, embora o número total de prisões ainda não tenha sido confirmado.

A insatisfação crescente com as políticas de Milei, especialmente entre os aposentados, reflete a perda significativa de poder aquisitivo após cortes nos benefícios. A medida, conhecida como “motosserra”, resultou em drásticos cortes nos gastos públicos para combater a inflação, afetando principalmente os idosos. Quase 60% dos aposentados no país recebem o benefício mínimo de cerca de 340 dólares (R$ 1.980), e o governo congelou um bônus que complementava essa quantia.

O protesto, que já era uma mobilização recorrente de aposentados, ganhou força com a participação de torcedores de clubes como Chacarita, River Plate, Boca Juniors, Racing e Independiente. A imagem de um aposentado sendo atingido por gás lacrimogêneo gerou indignação e aumentou a presença dos torcedores. A frase de Diego Maradona, que disse ser “muito covarde não defender os aposentados”, tornou-se um símbolo para os manifestantes, que a entoaram em coro durante a marcha, expressando sua determinação em defender os direitos dos idosos.