Cesta básica em São Paulo e Rio ultrapassa R$ 860 e revela crise alimentar crescente

Em março de 2024, o custo da cesta básica em São Paulo e no Rio de Janeiro ultrapassou R$ 860, valor equivalente ao de um smartphone da marca Xiaomi, segundo o Dieese. Essa situação reflete um empobrecimento progressivo da população, especialmente para aqueles que recebem o salário mínimo de R$ 1.500, dos quais apenas R$ 1.392 são líquidos após descontos. Com R$ 835 gastos em alimentos, sobra apenas R$ 557 para cobrir outras despesas essenciais, como aluguel e transporte.

A insatisfação com o governo é alta, com nove em dez eleitores expressando descontentamento. O presidente Lula, ao completar metade do mandato, busca reativar promessas antigas, incluindo "medidas drásticas" para conter a inflação. No entanto, suas ações, como aparições em eventos rurais, têm sido vistas como ineficazes para resolver a crise econômica que afeta o cotidiano da população.

Dados oficiais indicam que 53% dos brasileiros adultos dependem de programas sociais, como a Previdência e o Bolsa Família, para sobreviver. A pobreza atinge dois terços da população em estados como Bahia e Ceará, resultando em cerca de 90 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. O governo enfrenta críticas por sua abordagem política, que é vista como uma repetição de estratégias do passado, sem um compromisso real com políticas públicas eficazes.

O historiador Alberto Aggio destaca que o Brasil passou por uma transformação significativa nas últimas quatro décadas, onde a política baseada em classes deu lugar a uma sociedade mais voltada ao empreendedorismo. A polarização atual e a fabricação de pobreza se tornaram instrumentos políticos, dificultando a implementação de mudanças necessárias. O futuro político de Lula e do PT está em risco, com dois terços dos eleitores duvidando da renovação de seu mandato, em um cenário marcado por recessão e inflação.