Lula mantém 38% dos ministérios sob controle do PT em terceiro mandato, a maior proporção desde 2003

O governo Lula, em seu terceiro mandato, enfrenta desafios na formação de sua base aliada. A recente troca no Ministério da Previdência, com a saída de Carlos Lupi e a entrada de Wolney Queiroz, mantém 38% dos ministérios sob controle do PT, a maior proporção desde 2003. Essa configuração é superior à observada em gestões anteriores, como a de Jair Bolsonaro, que tinha 9%.

Apesar da concentração de poder, o governo já passou por doze mudanças ministeriais desde o início do mandato, sendo seis apenas em 2025. Essas alterações visam acomodar demandas internas do PT e responder a situações emergenciais. Os ministérios sob controle do PT incluem áreas estratégicas como Saúde, Educação e Fazenda.

Insatisfação entre Aliados

A centralização de poder gerou insatisfação entre partidos aliados. Cientistas políticos apontam que Lula, influenciado pela Operação Lava Jato, se tornou mais cauteloso na distribuição de poder. O atual cenário no Congresso, com bancadas mais ideologizadas, também dificulta a formação de uma coalizão sólida. Historicamente, presidentes promovem reconfigurações na base até o início do terceiro ano de mandato, mas Lula não fez mudanças significativas até agora.

Partidos como União Brasil, PP e MDB, que ocupam ministérios, frequentemente se opõem ao governo em votações. A falta de acordos formais com o Planalto faz com que esses partidos não se sintam obrigados a apoiar o governo. A insatisfação também se estende ao PDT, que anunciou a interrupção do apoio ao governo, citando desrespeito na condução da demissão de Lupi.

Críticas à Centralização

Deputados de partidos aliados criticam a falta de espaço político no governo. Um deputado do PSD, que comanda três ministérios, expressou descontentamento com a falta de pastas mais relevantes. O partido já considera lançar uma candidatura própria à presidência em 2026. A centralização de poder no PT reflete não apenas a desconfiança em relação a alianças, mas também um Congresso fortalecido, onde a negociação política se tornou mais complexa.

A nova lógica de negociação entre o Executivo e os partidos exige um apoio mais pontual, em vez de um compromisso irrestrito. Essa mudança impacta diretamente a governabilidade e a capacidade do governo de aprovar suas pautas no Congresso.