Javier Milei elogia sonegadores e critica contribuintes em polêmica entrevista na Argentina

O presidente da Argentina, Javier Milei, causou polêmica ao classificar sonegadores de impostos como "heróis" durante uma entrevista no programa "Otra Mañana", na segunda-feira (19). Ele criticou os contribuintes, afirmando que aqueles que não burlam o sistema não possuem "talento ou coragem". Milei defendeu um projeto que permitirá o uso de dólares não declarados, sem questionar a origem dos fundos.

Milei declarou que "aqueles que conseguiram escapar [da fiscalização] não podem ser punidos", referindo-se à evasão fiscal como uma forma de resistência ao que chamou de "ladrão [Estado]". Ele argumentou que a alta carga tributária e a inflação têm levado os argentinos a buscar alternativas no setor informal. O governo estima que entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões estão sonegados, representando de 33% a 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que é de US$ 600 bilhões.

Críticas e Implicações

A proposta de Milei gerou críticas, especialmente da oposição, que argumenta que isso poderia legalizar dinheiro proveniente de atividades ilícitas, como o narcotráfico. O presidente, no entanto, minimizou essas preocupações, afirmando que a questão deve ser tratada por outros ministérios. Ele comparou os sonegadores a pessoas que fogem de regimes opressores, defendendo que não se deve punir quem consegue escapar do sistema.

O novo mecanismo visa incentivar o uso de dólares guardados fora do sistema bancário para compras de bens como eletrodomésticos e veículos. O ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que a medida não exigirá explicações sobre a origem dos fundos. Milei acredita que a injeção desse capital na economia pode acelerar o crescimento do país.