23 de mai 2025
Salgado registra marcha histórica de sem-terra em busca de reforma agrária no Paraná
Marcha histórica de sem terra em 1996, capturada por Sebastião Salgado, simboliza luta por reforma agrária e justiça social no Brasil.
Foto de Sebastião Salgado mostra ocupação de latifúndio no interior do Paraná, em abril de 1996. (Foto: Sebastião Salgado / Divulgação MST)
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Sebastião Salgado registrou um momento marcante em 17 de abril de 1996, quando doze mil sem-terra marcharam em direção à Fazenda Giacomet Marodin, no Paraná. O evento simbolizava a luta pela reforma agrária e ocorreu em um contexto de tensões sociais no Brasil.
Os trabalhadores, que enfrentaram o frio e o cansaço, percorreram vinte e dois quilômetros em quase cinco horas. A fazenda ocupava oitenta e três mil hectares de terras griladas, representando um dos muitos latifúndios do estado. Ao amanhecer, os sem-terra chegaram à porteira da propriedade, onde a apreensão era palpável devido à presença de jagunços.
Salgado, com sua câmera, capturou o momento em que um camponês quebrou o cadeado da fazenda e ergueu sua foice em sinal de vitória. Essa imagem se tornaria uma das mais icônicas da carreira do fotógrafo, que faleceu recentemente aos oitenta e um anos. O mesmo dia também ficou marcado pelo Massacre de Eldorado do Carajás, onde dezenove sem-terra foram mortos pela polícia no Pará.
Registro Histórico
O fotógrafo descreveu a marcha em seu livro "Terra" (1997), destacando a força e a determinação dos camponeses. Ele observou que a coluna de sem-terra avançava em silêncio, com o som apenas dos passos e da respiração. Salgado enfatizou que, se corretamente utilizados, os hectares da fazenda poderiam proporcionar uma vida digna para as famílias que marchavam.
Ao chegarem à fazenda, a neblina da madrugada começou a se dissipar, revelando a determinação dos trabalhadores. As crianças e mulheres foram afastadas para o fundo, enquanto os homens se posicionaram na linha de frente, prontos para um possível confronto. Sem resistência, a porteira foi aberta, e os camponeses entraram, levantando suas ferramentas e bandeiras.
O grito de "Reforma Agrária, uma luta de todos!" ecoou na luz do novo dia, simbolizando a esperança e a luta contínua por justiça social no Brasil.
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