02 de jun 2025
A era do reconhecimento revela o ressentimento como motor de transformações sociais
Ressentimento e busca por reconhecimento moldam identidades na publicidade contemporânea, refletindo tensões sociais e políticas.
Ilustração de Ricardo Cammarota para a coluna de Luiz Felipe Pondé de 2 de junho de 2025. (Foto: Ricardo Cammarota)
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Vivemos na era do reconhecimento, onde o ressentimento desempenha um papel central na busca por validação social. Filósofos como Friedrich Nietzsche e Alexis de Tocqueville já abordaram essa dinâmica, relacionando-a a movimentos sociais e políticos. A indiferença do universo, segundo Nietzsche, gera um sentimento de ressentimento, que Tocqueville identificou como motor de revoluções.
A publicidade contemporânea reflete essa era do ressentimento, onde a busca por reconhecimento se torna um produto comercial. O marketing atual não apenas constrói identidades, mas também vende significados, criando uma interconexão entre subjetividades e transformações sociais. A publicidade, que antes analisava comportamentos, agora se concentra em causas, perdendo acuidade analítica.
O reconhecimento é fundamental para a construção da cidadania, conforme argumenta Axel Honneth, da Escola de Frankfurt. Sem ele, a existência social se torna questionável. O romance "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, ilustra como identidades sociais e psicológicas estão entrelaçadas. A narrativa mostra a transição de poder na Sicília do século dezenove, refletindo o ressentimento de quem busca reconhecimento.
A era do reconhecimento, portanto, é também a era do ressentimento, que pode levar à violência revolucionária. A busca por validação social, muitas vezes, resulta em tentativas de destruir aqueles que detêm o poder. Essa dinâmica complexa continua a moldar as interações sociais e políticas na atualidade.
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