02 de jun 2025
Moradores de Belém criticam obras da COP30 e pedem melhorias no saneamento básico
Moradores da periferia de Belém criticam obras da COP30, que priorizam áreas urbanizadas, enquanto apenas 3% têm acesso a esgoto.
Vista do rio Tucunduba nas proximidades da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém; canais da bacia, que é uma das mais poluídas da região metropolitana, estão em obras para a COP30. (Foto: Alexa Salomão/Folhapress)
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Belém se prepara para a COP30, mas moradores da periferia enfrentam descaso em saneamento básico. Enquanto a cidade investe em obras de infraestrutura, a coleta de esgoto atende apenas 3% da população. Moradores expressam frustração com a priorização de áreas urbanizadas.
Luciano Pereira, morador de Tapanã, critica as intervenções que visam embelezar o centro da cidade. “Lá no centro, estão refazendo obra feita para mostrar na COP30, mas a nossa hora aqui nunca chega”, afirma. O bairro, situado ao redor do igarapé Mata Fome, sofre com esgoto a céu aberto e falta de infraestrutura.
A situação é alarmante. Belém está entre as piores cidades do Brasil em coleta e tratamento de esgoto. O governo do estado do Pará anunciou que mais de 500 mil pessoas seriam beneficiadas por obras de saneamento, mas apenas 40 mil terão acesso à coleta de esgoto. A consultora ambiental Amanda Quaresma destaca que um verdadeiro legado da COP30 seria atender as áreas mais necessitadas.
Obras e Promessas
As obras em Belém, que somam R$ 1 bilhão, incluem drenagem pluvial e urbanização de ruas. O secretário de Infraestrutura e Logística do estado, Adler Silveira, explica que as intervenções visam melhorar o escoamento do trânsito e o saneamento, mas a população ainda se sente esquecida.
Na comunidade do igarapé São Joaquim, a insatisfação é palpável. Maria da Gloria Almeida, agente de saúde, lamenta: “A gente tinha esperança de que essa situação ia começar a mudar na COP, mas nada vai ser feito aqui.” A falta de saneamento básico gera problemas de saúde, como a proliferação de doenças.
Desigualdade nas Intervenções
Especialistas criticam a escolha dos locais para as obras. O arquiteto Pamplona Ximenes Ponte afirma que as reformas beneficiam áreas já urbanizadas, enquanto as comunidades mais carentes continuam sem melhorias. Um dos poucos projetos que inclui tratamento de esgoto é o canal da Nova Doca, que atende a bairros de maior poder aquisitivo.
O governo defende que as obras são necessárias para evitar alagamentos e melhorar a qualidade de vida. No entanto, a realidade nas comunidades periféricas contrasta com as promessas feitas. A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, ressalta que as intervenções são vitais, mas a população ainda aguarda mudanças significativas em seu cotidiano.
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