Política

Trabalhadoras domésticas enfrentam sobrecarga e falta de direitos no Brasil

Sete em cada dez trabalhadoras domésticas no Brasil se sentem exaustas e sem tempo para si, revelando a precarização da profissão.

Estudo revela sobrecarga e falta de direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. (Foto: Fabio Braga/Folhapress)

Estudo revela sobrecarga e falta de direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. (Foto: Fabio Braga/Folhapress)

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Sete em cada dez trabalhadoras domésticas no Brasil se sentem cronicamente cansadas, segundo um estudo recente. A pesquisa, realizada pela Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, em parceria com a Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas e a Organização Internacional do Trabalho, revela que 70% dessas profissionais não têm tempo para si mesmas.

A sobrecarga é especialmente intensa entre mães chefes de família, que representam 57% da categoria, sendo 34% mães solo. A situação é ainda mais crítica para as trabalhadoras negras, com 80% relatando essa falta de tempo, em comparação a 75% das brancas. O estudo, que entrevistou 665 trabalhadoras em todo o país, destaca a ausência de direitos, baixos salários e longas jornadas de trabalho.

Djane Clemente, trabalhadora doméstica há dez anos, relata que sua rotina inclui deslocamentos exaustivos, levando até quatro ônibus e dois metrôs para chegar ao trabalho. “Quando chegava em casa, eu não ia nem na padaria. É como se desligasse a energia”, afirma. A pesquisa mostra que 65% das trabalhadoras recebem menos que um salário mínimo, com índices alarmantes no Nordeste (88%) e Norte (83%).

Desigualdade e Precarização

A pesquisa também revela que três em cada quatro trabalhadoras não têm vínculo formal. A proporção de trabalhadoras negras com carteira assinada é de 24,7%, inferior à de brancas, que é 31%. A desigualdade é mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste, onde menos de 15% das trabalhadoras negras têm registro formal.

Laís Abramo, secretária nacional da Política de Cuidados e Família, destaca o paradoxo enfrentado por essas profissionais: “Elas têm papel importante no cuidado de outras famílias, mas não conseguem cuidar da própria”. A falta de serviços públicos adequados, como creches e escolas em tempo integral, contribui para essa dupla jornada.

O estudo ressalta a desvalorização histórica do trabalho doméstico, que afeta principalmente as mulheres negras. Abramo enfatiza que o trabalho deve ser reconhecido independentemente da quantidade de dias trabalhados, alinhando-se às diretrizes da Convenção 189 da OIT, ratificada pelo Brasil.

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