Caos nos aeroportos dos EUA não é causado pela falta de controladores de tráfego aéreo

Os aeroportos dos Estados Unidos enfrentam crescentes problemas de atrasos e cancelamentos de voos, atribuídos a tecnologia obsoleta, condições climáticas adversas e uma escassez de controladores de tráfego aéreo. Desde o início de maio, o Aeroporto de Newark, em Nova Jersey, registrou centenas de voos atrasados ou cancelados, com apenas 22 controladores gerenciando o tráfego, número bem abaixo dos 38 recomendados pela Administração Federal de Aviação (FAA).

A FAA, responsável pela regulação da aviação no país, anunciou planos para contratar 2.000 controladores até o final do ano. Contudo, suas previsões de tráfego aéreo têm sido criticadas por superestimar a demanda, levantando dúvidas sobre a precisão dos padrões de pessoal. Atualmente, apenas 2 de 313 instalações de controle de tráfego aéreo atendem às metas de pessoal estabelecidas pela FAA e pelo sindicato que representa os controladores.

Preocupações com a Escassez

Desde a década de 1980, preocupações sobre os níveis de pessoal têm sido levantadas. Com o aumento da demanda, mais aeronaves exigem mais controladores para garantir a segurança. Um relatório do governo dos EUA, publicado em junho de 2023, alertou que a baixa quantidade de funcionários representa um "risco para a continuidade das operações de tráfego aéreo".

A FAA busca acelerar o recrutamento, mas sua metodologia de estimativa de pessoal, que se baseia em previsões de tráfego, tem sido questionada. Um relatório da Academia Nacional de Ciências dos EUA destacou que as previsões da FAA têm consistentemente superestimado os níveis futuros de tráfego aéreo desde 2000, resultando em um excesso de controladores.

Modelos de Cálculo Questionáveis

O modelo utilizado pela FAA para determinar os padrões de pessoal é baseado na carga de trabalho dos controladores, calculando o tempo necessário para realizar suas tarefas. No entanto, a validade desses dados é contestada, pois muitos dos tempos estimados não foram verificados em condições reais de trabalho. A falta de dados concretos pode comprometer a precisão das necessidades de pessoal, levando a uma gestão inadequada da força de trabalho nos aeroportos.