28 de jan 2025
Vida sob domínio paramilitar: extorsão e recrutamento de crianças na Colômbia
A violência em Catatumbo resultou em 80 mortes e 40 mil desalojados. Grupos armados controlam a produção de coca e extorquem a população local. Relatos de recrutamento forçado de crianças e abusos contra indígenas são alarmantes. Milícias impõem taxas sobre comércio e serviços, criando um Estado paralelo. A situação impacta negativamente a economia e gera deslocamentos forçados.
Guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) patrulham área de selva na Colômbia (Foto: Albeiro Lopera/Reuters)
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A vida da população rural na Colômbia, especialmente em Catatumbo, tem sido marcada por violência extrema e intimidação. Um relatório da Missão de Apoio ao Processo de Paz na Colômbia (MAPP), da Organização dos Estados Americanos (OEA), revela que, em uma recente onda de violência, cerca de oitenta pessoas foram mortas e mais de quarenta mil foram deslocadas. As áreas dominadas por grupos armados, como o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das FARC, enfrentam um cenário de extorsão, trabalho forçado e abuso de crianças indígenas.
Os grupos armados controlam a produção de pasta de coca, impondo limites à quantidade plantada e controlando o comércio local. Em Catatumbo, eles estabelecem preços para alimentos e bens essenciais, criando um verdadeiro Estado paralelo. Além disso, há restrições à mobilidade e coação de líderes comunitários, enquanto os guerrilheiros oferecem "serviços" para resolver conflitos trabalhistas, definindo salários e exigindo contribuições financeiras da população.
A situação econômica local é severamente impactada, com relatos de que pessoas que venderam propriedades pagaram entre 5% e 10% do valor aos grupos armados. Em Guaviare, por exemplo, um grupo cobra 10.000 pesos colombianos (R$ 14,00) por cada filhote de frango, enquanto em Uribe, o pagamento anual por árvore plantada é de 1.000 pesos (R$ 1,40). Aqueles que não pagam enfrentam ataques, sequestros e homicídios.
Outro aspecto preocupante é o recrutamento forçado de crianças e adolescentes. Relatos de suicídios entre jovens, devido ao medo de serem alvos de recrutamento, têm surgido, além de casos de exploração sexual de meninas indígenas. A violência de gênero se torna uma constante no contexto do conflito armado, afetando a educação e levando ao deslocamento forçado de famílias em várias regiões do país.
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