Gastos militares globais atingem maior crescimento desde 1988, impulsionados por guerras e tensões

Um novo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), divulgado nesta quarta-feira, 30, revela que os gastos militares globais aumentaram 9,4% em 2024, totalizando US$ 2,718 trilhões. Este crescimento é o mais significativo desde 1988, ano anterior à queda do Muro de Berlim. O aumento ocorre em meio a conflitos na Ucrânia e em Gaza, além de tensões na Europa.

Os Estados Unidos continuam a liderar os gastos militares, com quase US$ 1 trilhão destinados à defesa. Este orçamento inclui US$ 48,4 bilhões em ajuda militar à Ucrânia, representando quase três quartos do total das despesas de defesa do país, que são de US$ 64,8 bilhões. O pacote americano também abrange investimentos em caças furtivos F-35, navios para a Marinha e modernização do arsenal nuclear.

A China ocupa o segundo lugar em gastos militares, com US$ 314 bilhões, cerca de um terço do total americano. O relatório destaca que a China apresentou novas capacidades militares em 2024, incluindo aeronaves de combate furtivas e veículos não tripulados. O aumento do poder militar chinês tem influenciado as políticas de defesa de seus vizinhos, levando muitos a elevar seus orçamentos.

Aumento em Países em Conflito

Os países envolvidos em conflitos mostraram aumentos significativos em seus gastos. Israel, que está em combate com o Hamas desde outubro de 2023, viu suas despesas militares dispararem 65%. A Rússia, em meio à guerra na Ucrânia, registrou um aumento de cerca de 38%. O SIPRI acredita que os números da Rússia podem ser ainda maiores, devido a fontes de financiamento não contabilizadas.

Membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) também aumentaram seus orçamentos. A Alemanha elevou seus gastos em 28%, enquanto a Romênia e a Holanda aumentaram em 43% e 35%, respectivamente. Esses aumentos são impulsionados pela contínua ameaça russa e preocupações sobre um possível afastamento dos Estados Unidos da aliança.

Tendências Globais

Na região do Indo-Pacífico, a China manteve um aumento de 7% em seus gastos, marcando o trigésimo ano consecutivo de crescimento. O Japão, por sua vez, registrou um aumento de 21%, o maior desde 1952. O relatório também aponta que o México teve um aumento de 39% em seus gastos militares, refletindo uma resposta mais militarizada ao crime organizado.

O SIPRI alerta que o aumento global nos gastos militares pode levar a uma escalada nas tensões e a uma corrida armamentista em várias regiões do mundo.