Política

Imigração na República Dominicana gera violência e medo entre haitianos e trabalhadores locais

Deportações em massa na República Dominicana revelam abusos contra haitianos, enquanto o governo intensifica medidas de imigração.

Abigail (centro) caminha com crianças haitianas que vivem na comunidade de Friusa, em Punta Cana, República Dominicana. (Foto: Simón Duarte)

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A situação de imigração na República Dominicana se agravou com a implementação de medidas severas pelo governo de Luis Abinader. Desde abril, as deportações em massa de haitianos aumentaram, com 14.874 pessoas deportadas apenas nos primeiros doze dias do mês. A crise humanitária se intensifica, com relatos de abuso sexual por agentes de imigração.

Ruth, uma haitiana que vive em condições precárias, compartilha sua experiência de violência. Ela teme a deportação e, por isso, não denuncia os abusos. “Estou cansada deles virem”, afirma, enquanto cuida de seus filhos. A política de imigração do governo, que inclui a construção de um muro na fronteira e o aumento da vigilância, tem gerado medo entre a população haitiana.

A Coletiva de Migração e Direitos Humanos reportou doze casos semelhantes ao de Ruth. Guadalupe Valdez, membro da organização, critica a abordagem do governo, que vê a imigração como um problema. “Os agentes devem ser processados e removidos do serviço de imigração”, defende Valdez.

As novas políticas também afetam a economia. O setor de construção, que depende fortemente da mão de obra haitiana, enfrenta dificuldades. Eliseo Cristopher, presidente da Confederação Dominicana de Micro, Pequenas e Médias Empresas de Construção, alerta que sem trabalhadores haitianos, o setor pode parar. O ministro da Agricultura reconhece que as deportações impactam a produção agrícola.

A administração Abinader defende suas ações, afirmando que “nossa generosidade tem limites”. No entanto, ativistas denunciam que as medidas configuram um regime de apartheid contra haitianos e populações vulneráveis. Roudy Joseph, do Coletivo Dominicano-Haitiano, critica a política de terror que se assemelha à repressão no Haiti.

As escolas também sentem os efeitos. María, uma líder comunitária, observa que a frequência escolar de crianças haitianas caiu drasticamente desde a implementação das novas medidas. “Muitos pararam de vir”, lamenta. A insegurança gerada pela política de imigração afeta não apenas os adultos, mas também as crianças, que enfrentam um ambiente hostil.

A indústria do turismo, vital para a economia dominicana, também é impactada. O governo busca manter o fluxo de turistas, mas as deportações e o clima de medo podem prejudicar a imagem do país. A situação continua a evoluir, com relatos de abusos e a necessidade urgente de uma abordagem mais humana e eficaz para a questão da imigração.

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