02 de jul 2025

Tibete permanece em silêncio enquanto Dalai Lama celebra 90 anos de vida
Dalai Lama desafia controle chinês ao anunciar plano de sucessão, enquanto repressão militar e cultural aumenta no Tibete.

O BBC visitou o mosteiro Kirti em Aba, que há muito tempo é o coração da resistência tibetana a Pequim. (Foto: Xiqing Wang/ BBC)
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Repressão e Resistência no Tibete
A situação dos tibetanos sob o governo da China continua a ser marcada por repressão severa. Recentemente, o Dalai Lama anunciou um plano de sucessão, afirmando que seu sucessor será escolhido após sua morte, desafiando a intenção da China de controlar essa escolha.
O mosteiro Kirti, localizado na província de Sichuan, é um símbolo da resistência tibetana. Um monge local, que preferiu não se identificar, afirmou: "As coisas aqui não estão boas para nós". A presença militar aumentou, com a construção de uma delegacia de polícia na entrada do mosteiro e a instalação de câmeras de vigilância em todo o local.
Desde a anexação do Tibete pela China em 1950, a região tem enfrentado um controle crescente. O governo chinês considera o Dalai Lama um separatista e reprime qualquer manifestação de apoio a ele. Em Aba, onde o mosteiro Kirti está localizado, a resistência se manifestou em protestos e autoimolações, especialmente durante a revolta tibetana de 2008, que resultou em mortes e repressão violenta.
O Futuro do Budismo Tibetano
O Dalai Lama, que completou 90 anos, reafirmou que a escolha de seu sucessor deve ocorrer fora do controle chinês. "Ninguém mais tem autoridade para interferir", declarou. Essa afirmação gera reações mistas entre os tibetanos, que vivem sob um regime que censura informações sobre o líder espiritual.
As novas regras educacionais na região também preocupam os tibetanos. Crianças menores de 18 anos devem frequentar escolas estatais chinesas, onde o aprendizado do mandarim é obrigatório, enquanto o estudo de textos budistas é restrito. Um monge de 60 anos lamentou a destruição de uma escola budista, enfatizando a perda de tradições.
O governo chinês, por sua vez, argumenta que essas medidas visam integrar os tibetanos à sociedade nacional. No entanto, especialistas alertam que isso pode levar à erosão da identidade cultural tibetana. "Estamos caminhando para um cenário de controle total", afirmou Robert Barnett, especialista em questões tibetanas.
Vigilância e Controle
A infraestrutura na região, como novas estradas e ferrovias, é acompanhada por um aumento na vigilância. A presença de câmeras de reconhecimento facial é constante, e a liberdade de expressão é severamente limitada. "Os tibetanos estão isolados do mundo exterior", disse Barnett.
A escolha do próximo Dalai Lama será um teste para a influência da China sobre a cultura tibetana. O governo já iniciou uma campanha para educar a população sobre as novas regras de sucessão, enquanto muitos tibetanos permanecem sem informações sobre o que está acontecendo fora de suas comunidades.
A luta pela preservação da identidade tibetana continua, mesmo diante da repressão. A resistência cultural e espiritual dos tibetanos se mantém firme, apesar das dificuldades e do controle imposto pelo governo chinês.
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