Polícia Federal indicia ex-diretores da PRF por blitze que restringiram voto no Nordeste em 2022

A Polícia Federal (PF) indiciou quatro ex-integrantes da alta cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por tentativas de obstruir o deslocamento de eleitores durante o segundo turno das eleições de 2022. Os indiciados incluem um ex-diretor de inteligência e seu adjunto, um ex-diretor de operações e um ex-coordenador de análise de inteligência. A Procuradoria-Geral da República (PGR) agora avaliará se apresentará denúncia, solicitará mais investigações ou arquivará o caso.

A investigação apurou indícios de crimes como restrição ao exercício do voto, prevaricação, desobediência e participação por omissão na tentativa de abolição do estado democrático de direito. O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, já haviam sido indiciados anteriormente. A PF constatou que um em cada três veículos parados em fiscalizações da PRF no dia da eleição estava no Nordeste, onde Lula obteve uma expressiva vitória na primeira fase do pleito.

Dados da PRF indicam que 2.887 veículos foram abordados no Nordeste, representando 31,6% do total de abordagens no Brasil, que somou 9.133. Em contraste, no Sudeste, onde reside 47,8% da frota nacional, apenas 2.543 veículos foram parados, correspondendo a 27,8% das fiscalizações. Na primeira fase da eleição, Lula obteve 66,76% dos votos válidos na região nordestina, enquanto Bolsonaro liderou no Sudeste com 47,56%.

As apurações sugerem que houve uma determinação de Torres e Vasques para dificultar o fluxo de eleitores em áreas onde Lula tinha apoio. O ex-coordenador de Inteligência da ANTT, Bruno Nonato dos Santos Pereira, também foi indiciado por seu envolvimento nas ações da PRF. A investigação continua a revelar as implicações das ações da corporação durante o processo eleitoral.