Itamaraty e Polícia Federal investigam uso de algemas em deportados dos EUA

O Itamaraty e a Polícia Federal do Brasil investigarão se o uso de algemas em brasileiros deportados dos Estados Unidos é uma prática comum do governo americano. A crítica surgiu após a deportação de oitenta e oito brasileiros que chegaram a Manaus (AM) na última sexta-feira, algemados e com correntes nos pés, após problemas técnicos em um voo fretado. A cúpula da PF ressalta que, embora os EUA utilizem algemas durante o embarque, seu uso em voos deve ser restrito a situações de risco.

Interlocutores dos dois órgãos expressaram preocupação com a situação em Manaus, onde os deportados desembarcaram em condições consideradas desumanas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou a liberação imediata dos deportados e enviou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportá-los ao aeroporto de Confins (MG). Desde 2021, o Brasil tem buscado garantir um tratamento digno para seus cidadãos deportados em conversas diplomáticas com os EUA.

Essas discussões foram iniciadas após um acordo de 2018, durante o governo de Michel Temer, que facilitou a deportação de brasileiros. Em 2021, o Brasil solicitou uma revisão do uso de algemas durante os voos, apresentando a questão a autoridades americanas, incluindo o ex-conselheiro de segurança Jake Sullivan e o ex-secretário de Estado Antony Blinken. O então chanceler Carlos França alertou que, se a solicitação não fosse atendida, o Brasil poderia restringir o pouso de aeronaves com deportados.

A prática diplomática entre Brasil e EUA visa assegurar que os deportados sejam tratados com dignidade, e o uso de algemas deve ser uma exceção, aplicado apenas em situações que garantam a segurança durante o voo. O Itamaraty considera que os acordos estabelecidos devem ser respeitados e que a situação atual requer uma revisão urgente das práticas adotadas pelos americanos.