27 de mar 2025
Bolívia enfrenta críticas por borrador de concordato que pode proteger pederastas da Igreja
Acordo entre a Santa Sé e o governo boliviano pode dificultar investigações sobre abusos sexuais na Igreja, gerando protestos de vítimas.
Pessoas protestam com cartazes que dizem em espanhol "Prisão para padres pedófilos" em frente ao escritório do Arcebispado da Bolívia em La Paz, Bolívia, na sexta-feira, 19 de maio de 2023. Milton Murillo, um padre boliviano, foi preso sob suspeita de abusar de seminaristas há uma década, logo após a divulgação do que se revelou ser o maior escândalo de pedofilia na história do país andino, envolvendo o falecido padre jesuíta. (Foto: Juan Karita/AP)
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A Comunidad Boliviana de Sobrevivientes de Pederastia criticou um acordo entre a Santa Sé e o Estado Plurinacional de Bolívia, que visa proteger arquivos eclesiásticos, o que pode dificultar investigações sobre abusos sexuais clericais. O acordo, que deve ser assinado em breve, inclui cláusulas que garantem a inviolabilidade de documentos da Igreja, tornando inacessíveis informações que poderiam ajudar a esclarecer casos de abuso.
A associação de vítimas enviou uma carta ao governo boliviano, solicitando a renegociação do acordo com base em transparência e proteção dos direitos humanos. O texto do acordo reconhece a proteção dos arquivos da Conferência Episcopal Boliviana e outras entidades religiosas, o que, segundo os sobreviventes, criaria um obstáculo para investigações futuras sobre abusos.
Além disso, o governo boliviano, ao invés de restringir a entrada de clérigos estrangeiros com histórico de abusos, está disposto a facilitar a permanência e o trabalho de ministros e leigos na Bolívia. Isso contrasta com a posição do presidente Luis Arce, que havia solicitado ao Papa a entrega de arquivos sobre abusos clericais no país.
As vítimas também pedem mudanças nas normas sobre o segredo de confissão, sugerindo que a obrigação de denunciar abusos sexuais seja imposta a clérigos e ordens religiosas. Além disso, solicitam que todos os membros da Igreja que trabalham com crianças apresentem antecedentes criminais e passem por avaliações psicológicas antes de serem autorizados a atuar. A maioria dos casos de abuso na Bolívia ocorreu em escolas, envolvendo clérigos que atuavam como professores ou enfermeiros.
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