Antério Mânica, condenado pela chacina de Unaí, morre em Brasília aos 71 anos

O empresário Antério Mânica, condenado como mandante da chacina que resultou na morte de auditores fiscais em Unaí (MG), faleceu aos 71 anos na madrugada de 15 de maio no Hospital Sírio Libanês, em Brasília. Ele lutava contra câncer no pâncreas e outras complicações de saúde. Mânica estava internado para tratamento e, em abril, passou por uma cirurgia de emergência após um acidente no hospital que o deixou em coma induzido.

Nascido em Espumoso, no Rio Grande do Sul, Mânica foi prefeito de Unaí em dois mandatos consecutivos, de 2005 a 2012. O crime que o levou à condenação ocorreu em janeiro de 2004, quando os auditores do trabalho Eratóstenes Gonsalves, João Batista Lages e Nelson José da Silva, além do motorista Aílton de Oliveira, foram assassinados durante uma fiscalização de trabalho análogo à escravidão na região rural.

Mânica foi inicialmente condenado a cem anos de prisão em 2015, mas a sentença foi anulada em 2018. Um novo julgamento em 2022 resultou em uma pena de 64 anos, que foi posteriormente aumentada para 99 anos e 11 meses. Ele se entregou à Polícia Federal em setembro de 2023 e, devido a problemas de saúde, foi autorizado a cumprir prisão domiciliar em novembro de 2024.

Homenagens e Legado

A Prefeitura de Unaí decretou luto oficial de três dias e destacou o legado de Mânica como homem público. Em nota, a administração municipal afirmou que ele deixou marcas de sua liderança e compromisso com o desenvolvimento da cidade. A Câmara Municipal também prestou homenagem, ressaltando sua contribuição ao agronegócio e à economia local.

Mânica deixa esposa, dois filhos e dois netos. O velório ocorrerá no Sindicato dos Produtores Rurais de Unaí, a partir das 7h do dia 16 de maio. A tragédia da chacina de Unaí também resultou na criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, em 28 de janeiro, em memória das vítimas.