Alemanha desmantela célula terrorista de extrema direita formada por adolescentes

Autoridades federais da Alemanha desmantelaram uma célula terrorista de extrema direita nesta quarta-feira (21). A operação, que ocorreu em várias regiões do país, resultou na prisão de cinco adolescentes, com idades entre 14 e 18 anos, sob suspeita de terrorismo. Os jovens são acusados de provocar incêndios em um centro cultural em Brandemburgo e de tentar incendiar um alojamento de refugiados na Turíngia.

Stefanie Hubig, ministra da Justiça, expressou preocupação com a formação do grupo por adolescentes. Ela afirmou que isso é um "sinal de alarme" sobre a ascensão do terrorismo de extrema direita, que não tem idade. Dados recentes indicam um aumento de 40% nos crimes políticos na Alemanha, com 42.788 ocorrências atribuídas à extrema direita, um crescimento de 48% em relação ao ano anterior.

Crescimento do Extremismo

O ministro do Interior, Alexander Dobrindt, classificou o extremismo de direita como a maior ameaça à democracia na Alemanha. O grupo, autodenominado "Última Onda de Defesa", tinha como objetivo desestabilizar o governo por meio de ataques a imigrantes e políticos de esquerda. A investigação revelou que os integrantes trocavam conteúdo extremista em redes sociais e aplicativos de mensagens.

A prisão dos adolescentes, considerados líderes do grupo, frustrou planos para novos ataques. Uma reportagem do jornal Die Zeit destacou a proliferação de grupos neonazistas entre jovens, frequentemente organizados pelo WhatsApp, que misturam cultura jovem com ideologias extremistas.

Contexto Político

O aumento da violência política está ligado à ascensão do partido Alternativa para Alemanha (AfD), que vive seu melhor momento desde a fundação em 2013. O partido, que enfrenta investigações por crimes de ódio, defende pautas populistas e tem atraído um público jovem, especialmente com propostas simplistas sobre imigração e economia.

Os dados mais recentes mostram que, em 2024, os crimes motivados por ideologia de direita atingiram 42.788 casos, enquanto os delitos de esquerda somaram 9.900. O aumento da violência política, que inclui agressões a candidatos, é alarmante e reflete a polarização crescente na sociedade alemã.