Novas suspeitas sobre Cid podem impactar acordo, mas efeito político é limitado

A prisão do ex-ministro Gilson Machado, aliado de Jair Bolsonaro, ocorreu em meio a investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado no final de 2022. A situação se complica com a revelação de mensagens atribuídas a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que podem impactar seu acordo de delação premiada.

Especialistas afirmam que, mesmo que Cid perca os benefícios do acordo, as provas coletadas na investigação permanecem válidas. O advogado Pedro Bueno de Andrade destaca que as evidências só poderiam ser desconsideradas se fossem obtidas de forma ilícita ou se fossem falsas, o que não é o caso. O inquérito, segundo ele, já existia antes da delação, que apenas acelerou os trabalhos.

A possibilidade de que Cid tenha tentado emitir um passaporte e as mensagens sobre a delação levantam suspeitas. Beto Vasques, professor de comunicação política, observa que a tentativa de fuga não está relacionada ao conteúdo da delação, mas pode levar à perda dos benefícios. Se comprovado que Cid mentiu, a credibilidade do processo pode ser questionada, mas as provas ainda são válidas.

Implicações Políticas

A prisão de Machado e as revelações sobre Cid podem ter repercussões políticas. Vasques sugere que, se Machado atuou para emitir passaportes para Cid, isso poderia implicar Bolsonaro. A narrativa bolsonarista pode tentar desviar o foco da investigação, colocando em dúvida a validade das delações.

A expectativa no meio jurídico é de que os réus envolvidos na tentativa de golpe sejam condenados. A qualidade das provas reunidas e as condenações de outros envolvidos nos eventos de 8 de janeiro reforçam essa crença. O processo, que está sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal, não deve sofrer atrasos significativos, segundo especialistas.

A situação de Cid e Machado continua a evoluir, com novas informações surgindo que podem impactar o andamento das investigações e a credibilidade das delações no cenário político atual.