Brasil se destaca em cenário multipolar e enfrenta desafios para atrair investimentos

NOVA YORK - O CEO da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, destacou que o Brasil está em uma posição favorável em um mundo multipolar, especialmente em relação às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante um evento do Citi, Bremmer afirmou que as negociações entre os dois países são bilaterais e que o Brasil pode continuar a fazer negócios com a China, mesmo diante das pressões americanas.

Bremmer enfatizou que, se a China se afastar dos Estados Unidos, o Brasil se beneficiará, pois os chineses precisarão mais do país. Ele ressaltou que, embora o Brasil esteja melhor posicionado, suas políticas internas ainda podem prejudicá-lo. O diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman, também destacou a importância de um ajuste fiscal no Brasil, alertando que a próxima eleição será crucial para o futuro econômico do país.

Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, avaliou que a incerteza gerada pelas tarifas de Trump pode impactar a economia brasileira. Ele observou que a desaceleração da economia americana é preocupante, mas o Brasil, sendo uma economia relativamente fechada, pode sentir menos os efeitos diretos. Schwartsman criticou as tarifas como um "instrumento errado" para um problema que não existe, referindo-se ao déficit externo dos EUA, que, segundo ele, é resultado de um aumento no investimento e não de um desequilíbrio comercial.

O enviado especial do governo Trump para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, identificou três principais obstáculos para atrair investimentos dos EUA ao Brasil: câmbio, corrupção e crime. Ele destacou que, apesar de avanços, a reputação do Brasil ainda afeta a confiança dos investidores. O evento em Nova York, que reúne autoridades e empresários, busca discutir oportunidades e desafios para o Brasil em meio à nova ordem mundial criada pelas políticas de Trump.