Crise de fentanil nos EUA mobiliza Trump a adotar tarifas comerciais para combate

Uma tragédia na Pensilvânia, envolvendo uma menina de apenas sete anos, expôs a gravidade da epidemia de opioides nos Estados Unidos. Após a criança relatar que não queria voltar para casa, policiais encontraram seus pais mortos por overdose de opioides. O médico Caleb Alexander, da Universidade Johns Hopkins, destacou que histórias como essa ocorrem frequentemente no país. Atualmente, o fentanil, um opioide sintético, é a maior preocupação, sendo 50 vezes mais potente que a heroína e responsável por um aumento alarmante nas mortes por overdose.

Em 2019, os EUA registraram mais de 30 mil mortes por overdose de fentanil em um ano. Esse número cresceu para quase 72 mil entre setembro de 2021 e setembro de 2022, e em novembro de 2023, foram 74.239 mortes fatais, resultando em uma média de 6,1 mil mortes por mês. O presidente Donald Trump anunciou tarifas de importação como parte de uma estratégia para pressionar México e Canadá a combater o tráfico de fentanil, embora especialistas alertem que essa abordagem é apenas uma parte da solução.

A Casa Branca criticou a China por não controlar a venda de insumos químicos usados na produção de fentanil e destacou que cartéis mexicanos operam laboratórios clandestinos. Em um ano fiscal, o Serviço de Alfândega dos EUA apreendeu mais de 21.000 libras de fentanil, suficiente para matar mais de 4 bilhões de pessoas. Apesar das críticas, México e Canadá iniciaram ações para reforçar a segurança nas fronteiras, mas a eficácia dessas medidas ainda é incerta.

O fentanil, usado legalmente em tratamentos de dor, é frequentemente misturado a outras drogas, aumentando o risco de overdose. A demanda ilegal cresceu após o uso abusivo de oxicodona nos anos 90 e 2000, quando muitos se tornaram dependentes. A produção clandestina no México e a manipulação da droga no Canadá são apontadas como principais fontes do fentanil ilegal nos EUA. Especialistas defendem a ampliação de tratamentos e abordagens de redução de danos para enfrentar a epidemia, destacando que "alguma redução no risco é melhor do que nenhuma redução no risco".