Crianças nascidas na África subsahariana enfrentam 18 vezes mais risco de morte antes dos cinco anos

Em 2023, 4,8 milhões de crianças morreram globalmente antes de completar cinco anos, a maioria por causas evitáveis, conforme relatório do Grupo Interinstitucional de Estimativa de Mortalidade na Infância da ONU. Aproximadamente 2,3 milhões dessas mortes ocorreram nos primeiros 28 dias de vida. Além disso, foram registradas 1,9 milhões de mortes prenatais. O relatório destaca que dois em cada cinco bebês faleceram durante o parto, um momento em que muitas dessas fatalidades poderiam ser prevenidas.

Desde o ano 2000, a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade, de 77 para 37 mortes por mil nascidos vivos. Contudo, entre 2015 e 2023, o progresso desacelerou em 42% em comparação com o período anterior. A ONU alerta que os cortes de financiamento por parte de doadores estão afetando programas de saúde infantil, resultando em escassez de profissionais, fechamento de clínicas e interrupção de vacinas. Se essa tendência persistir, 30 milhões de mortes de crianças menores de cinco anos podem ocorrer até 2030.

As disparidades regionais são alarmantes. Uma criança nascida na África Subsaariana tem 18 vezes mais chances de morrer antes dos cinco anos do que uma nascida na Austrália ou Nova Zelândia. Essa região, junto com o sul da Ásia, concentra 80% das mortes infantis. As causas variam: na África, o paludismo é responsável por 15% das mortes, enquanto no sul da Ásia, as complicações no parto são predominantes. Crianças de países de baixa renda enfrentam riscos significativamente maiores.

O relatório também menciona que, em países afetados por conflitos, as crianças têm quase três vezes mais chances de morrer antes dos cinco anos. Fatores como a pobreza e a localização rural aumentam esses riscos. As principais causas de morte nos primeiros 28 dias incluem partos prematuros e complicações. Para aqueles que sobrevivem, doenças como pneumonia, malária e diarreia são responsáveis por um terço das fatalidades. Apesar dos avanços em alguns países, como Senegal e Nepal, a falta de dados atualizados pode comprometer os esforços para reduzir a mortalidade infantil.