24 de abr 2025
Obesidade severa enfrenta desafios no SUS e pacientes aguardam por cirurgias essenciais
A luta contra a obesidade no Brasil enfrenta barreiras como preconceito, falta de medicamentos e acesso limitado à cirurgia bariátrica, afetando milhões.
Obesidade é um problema de saúde pública e seu enfrentamento desafia pacientes, profissionais de saúde e autoridades (Foto: Artem Zatsepilin/Adobe Stock/Gerado com IA)
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A obesidade no Brasil é uma questão de saúde pública crescente, com cerca de 7 milhões de pessoas necessitando de cirurgia bariátrica. No entanto, menos de 1% dos pacientes que buscam o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) conseguem ser operados. Ana Cristina de Oliveira dos Santos, de 43 anos, é uma dessas pacientes, que enfrenta dificuldades para acessar o tratamento.
A demanda por cirurgia bariátrica é alta, mas a lentidão na oferta do procedimento é alarmante. O professor Álvaro Ferraz, do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destaca que 75% dos pacientes dependem do SUS, mas a capacidade de operação é extremamente limitada. Além disso, a falta de medicamentos para obesidade na rede pública e o preconceito enfrentado pelos pacientes agravam a situação.
Uma pesquisa de 2022 revelou que 98,1% das pessoas com obesidade grau 3 já sofreram constrangimento em diversos ambientes, incluindo consultas médicas. Ana Cristina, que luta contra o refluxo, relata ter sido desencorajada por médicos a buscar tratamento, enfrentando dificuldades para realizar exames necessários. O preconceito, segundo Ferraz, é um dos maiores obstáculos, não apenas entre pacientes e familiares, mas também entre profissionais de saúde.
A falta de opções de tratamento no SUS é crítica. Atualmente, nenhum dos cinco medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade está disponível na rede pública. A endocrinologista Maria Edna de Melo afirma que apenas quem tem recursos financeiros consegue tratar a obesidade no Brasil. A ausência de um acompanhamento adequado e a dificuldade de acesso à cirurgia são desafios que precisam ser enfrentados.
A situação é ainda mais complicada para aqueles que precisam comprovar dois anos de tratamento clínico sem sucesso para entrar na fila da cirurgia. Ana Cristina, com um IMC acima de 50, aguarda há mais de um ano por um encaminhamento. A Prefeitura de Guararema justifica a exigência de tratamento prévio, mas especialistas afirmam que a comprovação pode ser feita de forma mais acessível.
O SUS enfrenta gargalos financeiros que limitam a realização de cirurgias. O Ministério da Saúde afirma que está investindo na ampliação das cirurgias eletivas, mas a realidade ainda é desafiadora. Em São Paulo, a implementação da Tabela SUS Paulista resultou em um aumento de 80% nas cirurgias bariátricas, mas a situação em outros estados ainda é preocupante.
A falta de acompanhamento multidisciplinar após a cirurgia também é um problema. Especialistas recomendam que o paciente receba suporte por pelo menos três anos, mas o SUS oferece apenas 18 meses. A complexidade do tratamento da obesidade exige uma abordagem integrada, que ainda não está disponível em muitos locais.
Ana Cristina sonha com uma nova vida após a cirurgia, mas a incerteza sobre a possibilidade de acesso ao tratamento a impede de planejar o futuro. A luta contra a obesidade no Brasil continua, e a necessidade de mudanças no sistema de saúde é urgente.
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