01 de mai 2025
Microplásticos se espalham por todos os oceanos, revelam novas pesquisas científicas
Microplásticos invadem todas as camadas do oceano, alterando o ciclo do carbono e desafiando a compreensão da poluição marinha.
Os microplásticos não ficam na superfície, mas se distribuem por toda a coluna de água. A imagem mostra pellets do derramamento ocorrido frente às costas gallegas em janeiro de 2024. (Foto: ÓSCAR CORRAL)
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Um novo estudo publicado na revista Nature revela que microplásticos estão presentes em todas as profundidades do oceano, desafiando a visão predominante de que a poluição plástica se concentra apenas na superfície. A pesquisa, realizada por uma equipe de cientistas de quatro continentes, analisou dados de mais de 1.200 estudos e utilizou quase 2.000 estações de amostragem ao longo de uma década.
Os pesquisadores classificaram os microplásticos em duas categorias: pequenos (1–100 micrômetros) e grandes (100–5.000 micrômetros). Os microplásticos pequenos predominam numericamente e, devido ao seu tamanho, afundam lentamente, distribuindo-se de forma mais uniforme na coluna de água. Em contraste, os maiores tendem a se acumular na superfície e no fundo do mar.
Impactos no Ciclo do Carbono
O estudo também destaca que o carbono presente nos microplásticos está se integrando ao ciclo do carbono natural do oceano, o que pode ter consequências ainda não totalmente compreendidas. Até 5% do carbono encontrado nas profundezas do oceano é de origem plástica, segundo os pesquisadores. Essa contaminação pode afetar a capacidade do oceano de capturar dióxido de carbono atmosférico, contribuindo para as mudanças climáticas.
Os dados mostram que as plataformas continentais apresentam uma média de 500 partículas de microplástico por metro cúbico, enquanto em alto-mar essa média cai para 16 partículas por metro cúbico. A concentração de microplásticos diminui drasticamente nas costas à medida que a profundidade aumenta, mas pode aumentar novamente no fundo do mar devido a processos biológicos e minerais que aceleram o afundamento.
Distribuição Irregular
A pesquisa revelou uma distribuição irregular de microplásticos em diferentes profundidades. Em regiões como o Oceano Ártico, foram encontrados mais de 2.500 microplásticos por metro cúbico, e na Fossa das Marianas, a concentração chegou a 13.500 partículas a 6.800 metros de profundidade. Essa variação é influenciada por camadas de água com diferentes densidades, onde microplásticos maiores podem ficar presos.
Os cientistas alertam que a presença de microplásticos nas profundezas do oceano representa um legado duradouro. Esses materiais podem permanecer praticamente eternos nas condições escuras e frias do fundo do mar, complicando ainda mais a compreensão e a mitigação da poluição plástica nos oceanos.
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