25 de mai 2025
Aumento de transtornos mentais em Eldorado do Sul após enchente histórica
Demanda por saúde mental cresce em Eldorado do Sul um ano após enchente, com 52% das vítimas apresentando sintomas de depressão.
Técnica em enfermagem Suzana Martins de Souza, 43, com o gato da família, repõe aos poucos o que a água levou de sua casa em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. (Foto: Anselmo Cunha /Folhapress)
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Um ano após a enchente em Eldorado do Sul, a saúde mental da população continua a ser afetada. Em maio de 2024, a cidade, localizada no Rio Grande do Sul, sofreu uma severa inundação que causou danos significativos a residências e à saúde emocional dos moradores. Atualmente, 52% das vítimas apresentam sintomas de depressão e 42% sofrem de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
A técnica em enfermagem Suzana Martins de Souza, de 43 anos, é uma das afetadas. A água subiu a 1,4 metro em sua casa, destruindo móveis e eletrodomésticos. Após a tragédia, Suzana desenvolveu síndrome do pânico e depende do auxílio-doença do INSS para se sustentar. Ela relata que, durante a enchente, perdeu o contato com seu filho, que ficou incomunicável por mais de uma semana. Ele foi encontrado em um abrigo, após ter passado dias em cima de um telhado.
Os dados de saúde mental em Eldorado do Sul são alarmantes. O número de atendimentos ambulatoriais aumentou 56,7%, e os atendimentos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) saltaram de cinco para 461 mensais. A cidade foi uma das mais afetadas, com 81,1% dos moradores e 71,2% dos imóveis impactados pela cheia. Em todo o estado, as consultas relacionadas a transtornos mentais cresceram 11,7% nos dez meses seguintes ao desastre.
Pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) destacam que muitos habitantes perderam o acesso a serviços de saúde durante a enchente. A demanda reprimida por atendimento psicológico é significativa, com muitos não buscando ajuda devido ao estigma e à dificuldade de acesso. A pesquisa revelou que um em cada quatro ainda apresenta sintomas de TEPT seis meses após a calamidade.
Em São Leopoldo, outra cidade afetada, o número de atendimentos em hospitais dobrou após a enchente. Profissionais de saúde mental relatam um aumento de casos de sofrimento intenso, incluindo tentativas de suicídio. O medo de novas inundações e a dificuldade de acesso a moradias de qualidade continuam a ser temas recorrentes nas consultas.
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