Testosterona é promovida como solução mágica, mas especialistas alertam para riscos

A testosterona tem sido amplamente promovida como solução para diversos problemas de saúde, especialmente nas redes sociais, por médicos não reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Especialistas alertam sobre os riscos do uso inadequado desse hormônio, que pode causar efeitos colaterais graves e carece de comprovação científica em muitos tratamentos, especialmente para mulheres.

A busca por tratamentos hormonais, como a reposição de testosterona, tem crescido. Médicos que se autodenominam "hormonologistas" ou "especialistas em anti-aging" utilizam marketing digital para promover a substância como uma solução mágica. Promessas de aumento de libido, ganho de massa muscular e alívio de sintomas como cansaço são comuns, mas a adesão a esses tratamentos é preocupante.

O endocrinologista Alexandre Hohl, diretor do Departamento de Endocrinologia Feminina da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destaca que a popularização da testosterona reflete uma indústria lucrativa. Médicos que administram hormônios por meio de implantes hormonais faturam alto, mas a testosterona não é a solução universal que muitos acreditam. Quando usada de forma inadequada, pode causar sérios problemas de saúde, incluindo morte.

A testosterona é necessária em casos de hipogonadismo, quando há uma queda acentuada nos níveis do hormônio. No entanto, a reposição deve ser feita com cautela, considerando que fatores como estresse e problemas emocionais também podem causar sintomas semelhantes aos da deficiência hormonal. A ginecologista Maria Celeste Wender alerta que o uso de testosterona em mulheres é, na maioria das vezes, desaconselhado, exceto em casos específicos.

Os riscos associados ao uso inadequado de testosterona incluem comprometimento do fígado, aumento do colesterol e problemas cardiovasculares. Estudos indicam que usuários de anabolizantes têm risco quase três vezes maior de morte em comparação com não usuários. Além disso, o uso de hormônios em mulheres pode aumentar o risco de câncer de mama, uma preocupação crescente no Brasil.

Os implantes hormonais frequentemente promovidos não têm eficácia comprovada e não são registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alternativas seguras e respaldadas pela ciência, como géis transdérmicos e injeções, são recomendadas para a reposição hormonal, evitando os riscos associados a tratamentos não comprovados.