30 de mai 2025
Polvos invadem o Canal da Mancha e geram lucros, mas alertam sobre riscos ambientais
A captura de polvos no Canal da Mancha disparou, mas o aquecimento global pode alterar drasticamente o ecossistema marinho.
Polvos: invasão de espécie é causada pelo aumento da temperatura dos oceanos. (Foto: Thinkstock)
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Uma "invasão" de polvos no Canal da Mancha surpreendeu pescadores britânicos nesta temporada, com um aumento de 240 vezes na captura em comparação ao ano anterior. O fenômeno, embora lucrativo, levanta preocupações sobre os impactos do aquecimento global no ecossistema marinho.
As temperaturas da superfície do mar próximo ao Reino Unido atingiram níveis recordes em maio, com variações de até 2,5ºC acima do normal. Na costa oeste da Irlanda, o aumento foi de 4ºC. Segundo o Met Office, órgão meteorológico britânico, esse aquecimento foi causado por sistemas de alta pressão que impediram a chegada de ventos frios.
Com as águas mais quentes, os polvos encontraram condições ideais para reprodução, resultando em um aumento significativo na pesca. O empresário Neil Watson, do mercado de peixes em Brixham, relatou que seus barcos descarregaram 48 toneladas de polvo em um único dia. Esse volume é 240 vezes maior do que no mesmo período do ano passado.
Impactos no Ecossistema
Embora o aumento na captura de polvos beneficie financeiramente empresas como a Brixham Trawling Agents, que exporta para grandes compradores europeus, especialistas alertam sobre os efeitos a longo prazo. O cientista Georg Engelhard, do Centro de Ciência do Meio Ambiente, Pesca e Aquicultura (Cefas), destaca que mares mais quentes favorecem a reprodução dos polvos, mas prejudicam outras espécies, como o bacalhau.
As mudanças na temperatura do mar também afetam a cadeia alimentar, impactando o plâncton. Engelhard afirma que estamos diante de um cenário sem precedentes. As previsões indicam o retorno de sistemas de alta pressão no verão, que já causaram secas e recordes de calor em terra.
Consequências Futuras
As ondas de calor marinhas podem provocar a proliferação de algas nocivas, que consomem oxigênio e criam zonas mortas, resultando na morte em massa de peixes. Além disso, o aumento de toxinas e patógenos representa riscos à saúde humana. Engelhard alerta que isso pode impactar o turismo em praias e afetar a segurança alimentar de produtos como ostras e mexilhões.
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