Saúde

Cientistas lutam contra a propagação de bactérias perigosas para o planeta

Especialistas alertam para os riscos da criação de micróbios de "vida espelhada", que podem ameaçar ecossistemas e a saúde humana.

A possibilidade de criar micróbios espelhados está se tornando uma realidade cada vez mais tangível (Foto: Thinkstock/Thinkstock)

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Pesquisadores de várias partes do mundo expressaram preocupações sobre os riscos associados à criação de micróbios sintéticos, uma área em expansão da biotecnologia. Durante um evento em Paris, especialistas alertaram para a possibilidade de organismos conhecidos como "vida espelhada", que poderiam causar danos irreversíveis aos ecossistemas e à saúde humana. A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times.

Esses micróbios, desenvolvidos a partir de alterações na quiralidade, têm o potencial de enganar os sistemas imunológicos. David Relman, microbiologista da Universidade Stanford, destacou que um organismo espelho poderia se tornar uma espécie invasora, comprometendo ecossistemas críticos e representando uma ameaça existencial. O conceito de "vida espelhada" se baseia em um princípio químico identificado por Louis Pasteur no século XIX, que descreve a capacidade de uma molécula existir em duas formas que são imagens espelhadas.

A criação desses micróbios levanta preocupações sobre a eficácia dos sistemas de biocontenção. John Glass, especialista em biologia sintética, alertou que falhas humanas ou uso indevido em laboratórios poderiam resultar em consequências catastróficas. A história já mostrou os impactos de mudanças quirais, como no caso da talidomida, que causou malformações em mais de 10 mil bebês nas décadas de 1950 e 1960.

Com o avanço da biotecnologia, a possibilidade de criar micróbios espelhados se torna cada vez mais realista. Especialistas estimam que essas bactérias possam ser viáveis em um prazo de 10 a 30 anos, utilizando tecnologias como edição genética. A necessidade de regulamentação mais rigorosa nas pesquisas de biologia sintética é reconhecida por cientistas e governantes. A revisão estratégica de defesa do Reino Unido já aponta os riscos de novos patógenos surgirem dessa área.

Nos Estados Unidos, a pesquisa de "ganho de função", que visa aumentar a virulência de patógenos, tem gerado intensos debates, especialmente após a pandemia de Covid-19. A comunidade científica busca discutir os riscos da "vida espelhada" com organizações internacionais, como a ONU, na esperança de que o evento em Paris resulte em recomendações para futuras regulamentações. A professora Filippa Lentzos, do King's College London, enfatiza a necessidade de cautela diante da crescente capacidade humana de modificar organismos vivos.

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