07 de jul 2025

Calor extremo pode reduzir produção global de leite, alertam especialistas
Estudo aponta que a produção de leite pode cair até 10% até 2050, afetando a segurança alimentar global e pequenos produtores.

Vacas leiteiras permanecem no estábulo em dia de calor extremo na cidade de Blowatz, na Alemanha, em 2 de julho de 2025 (Foto: Getty/Getty Images)
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A produção mundial de leite pode enfrentar uma queda de até 10% nas próximas décadas devido ao estresse térmico, conforme um estudo publicado na revista Science Advances. A pesquisa, que analisou dados de mais de 130 mil vacas leiteiras ao longo de 12 anos, revela que temperaturas extremas impactam diretamente a capacidade produtiva do leite.
Os cientistas descobriram que uma hora de exposição a uma temperatura de bulbo úmido acima de 26 °C pode reduzir a produção diária em 0,5%. Os efeitos do calor não se limitam aos dias quentes, pois a produção permanece abaixo do normal por até dez dias após o pico de calor. As projeções para 2050 indicam que a produção média global de leite poderá cair cerca de 4%, afetando especialmente os 150 milhões de lares que dependem da pecuária leiteira.
Impactos Regionais
A região sul da Ásia será a mais afetada, já que deverá responder por mais da metade do crescimento da produção mundial de leite nos próximos dez anos. Com o aumento da queima de combustíveis fósseis, os países dessa área se tornam mais vulneráveis a ondas de calor severas, intensificando a crise. Além disso, o gado é responsável por cerca de um terço das emissões humanas de metano, um potente gás de efeito estufa.
Estratégias para mitigar os efeitos do calor, como sombreamento e ventilação, já estão sendo implementadas em países como Israel. No entanto, essas medidas conseguem reduzir apenas 40% dos impactos do estresse térmico em dias com temperaturas acima de 24 °C.
Outros Alimentos em Risco
Além do leite, culturas essenciais como café e cacau também estão sob ameaça. O café arábica, que representa cerca de 60% do consumo mundial, é altamente sensível a mudanças climáticas. Regiões tradicionais produtoras, como Brasil e Colômbia, já enfrentam quedas na produtividade e surtos de pragas.
O cacau, base do chocolate, é cultivado principalmente na África Ocidental, onde as plantações sofrem com altas temperaturas e degradação ambiental. Estimativas do IPCC indicam que áreas adequadas para o cultivo de cacau poderão ser drasticamente reduzidas até 2050, pressionando pequenos produtores e elevando os custos.
Frutas como a banana também estão sendo impactadas por doenças que prosperam em condições quentes e úmidas, enquanto eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, comprometem a oferta global. Esses fatores ressaltam a necessidade urgente de ações coordenadas para enfrentar a crise climática e garantir a segurança alimentar.
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