25 de jun 2025

O Brasil e mais sete países enfrentam alta taxa de crianças sem vacinas
Cobertura vacinal infantil estagna globalmente, com 18 milhões de crianças sem vacinas, agravada pela pandemia e desigualdades sociais.

Crianças são vacinadas em São Paulo (Foto: Bruno Santos - 17.jan.22/Folhapress)
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Desde 1980, a cobertura vacinal infantil global teve um aumento significativo, mas essa tendência estagnou a partir de 2010. Um estudo recente revelou que 18 milhões de crianças no mundo, incluindo muitas no Brasil, nunca receberam vacinas. A pandemia de Covid-19 agravou essa situação, resultando em taxas de vacinação insuficientes e aumento do abandono de tratamentos.
Estima-se que, desde 2015, o número de crianças sem qualquer imunizante tenha crescido. Mais da metade dessas crianças está concentrada em apenas oito países, entre eles Brasil, Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Somália e Sudão. Em 1980, cerca de 60 milhões de crianças não haviam recebido vacinas, mas esse número caiu para 15 milhões em 2019, antes da pandemia. Desde então, pouco progresso foi feito.
Dados Alarmantes
Os dados foram divulgados na revista científica The Lancet e mostram que a vacinação infantil está estagnada desde 2010, afetando tanto países de baixa quanto de alta renda. Em 21 dos 36 países mais desenvolvidos, as taxas de vacinação contra doenças como difteria, sarampo e poliomielite caíram. Os pesquisadores utilizaram dados do Estudo sobre a Carga Global de Doenças, realizado em 2023, para chegar a essas conclusões.
No Brasil, a situação é preocupante. O Anuário VacinaBR 2025, elaborado pelo Instituto Questão de Ciência, aponta que 8 em cada 10 brasileiros vivem em cidades com vacinação insuficiente. Além disso, muitos estados registram que mais da metade das crianças não retorna para a segunda dose. A professora Carolina Lins, da Universidade Federal de Minas Gerais, destaca que a desinformação e as desigualdades sociais têm contribuído para essa queda na aceitação das vacinas.
Desafios e Obstáculos
A distribuição de vacinas no Brasil enfrenta desafios devido às suas dimensões geográficas. Regiões remotas têm acesso limitado, e o racismo estrutural também impacta a cobertura vacinal. Uma pesquisa de 2017 e 2018 revelou que mães negras e pardas enfrentam mais dificuldades para vacinar seus filhos. Sete a cada 100 mulheres relataram dificuldades, e esse número quase dobra entre mães negras.
A neurologista pediátrica Joyce Carvalho Martins reforça a importância da vacinação, afirmando que os imunizantes disponíveis são seguros e amplamente estudados. Ela destaca que não há associação significativa entre vacinas e autismo, desmistificando uma polêmica recente. Vacinar é salvar vidas, enfatiza a especialista.
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