Maram Kairé destaca a importância do setor espacial para o desenvolvimento da África

Maram Kairé, de 46 anos e diretor da Agência Senegalesa de Estudos Espaciais (ASES), é um dos protagonistas do documentário Star Chasers of Senegal. Recentemente, ele lançou o primeiro nanosatélite do Senegal, chamado GaindeSat, que coleta dados sobre os níveis de água no país. Kairé também liderou três missões para a NASA e promove um projeto de um ônibus espacial que ensina astronomia em comunidades senegalesas. Sua paixão pela astronomia começou aos oito anos, após assistir à explosão do transbordador Challenger em 1986.

Kairé enfrentou desafios ao seguir seu sonho, pois seu pai preferia que ele estudasse uma área com mais oportunidades em Senegal. Ele se formou em informática, mas dedicou-se a criar infraestrutura para a astronomia no país. Com a Associação Senegalesa para a Promoção da Astronomia, desenvolveu programas escolares e festivais, além de um projeto de caravana que levará ciência a 27 localidades em Senegal. Ele acredita na importância de conciliar saberes tradicionais com a ciência moderna, como demonstrado em eventos onde pescadores ensinaram sobre navegação estelar.

A colaboração com a NASA começou em 2018, quando Kairé coordenou missões de observação de objetos no sistema solar. Ele expressa orgulho pela associação do Senegal a essas missões, que beneficiam a humanidade. O asteroide que leva seu nome, com cinco quilômetros de diâmetro, é um reconhecimento da União Astronômica Internacional. Desde a fundação da ASES em 2023, Kairé tem trabalhado para priorizar a transferência de tecnologia e competências em acordos com países como Turquia e Estados Unidos.

O GaindeSat é um marco para o Senegal, reduzindo a dependência de grandes dispositivos para coleta de dados. Kairé planeja construir uma constelação de satélites e um centro de montagem em Senegal, visando fortalecer a capacidade local. A União Africana também prioriza o setor espacial, com a expectativa de que até 2030, cem satélites sejam lançados do continente. Kairé enfatiza que a soberania tecnológica é crucial para a autonomia africana e que o desenvolvimento do continente está ligado ao domínio das ciências espaciais. Seu desejo ao ver uma estrela cadente é transformar Senegal em uma nação espacial.