A desconfiança dos adolescentes em relação ao conteúdo online cresce com a ascensão da inteligência artificial

A crescente desconfiança dos adolescentes em relação ao conteúdo online é evidenciada por um estudo da Common Sense Media, que revela que 46% dos jovens entre 13 e 18 anos sentem que foram enganados por informações na internet. A pesquisa, realizada entre março e maio de 2024, incluiu 1.045 adultos que são pais de adolescentes e seus filhos. O aumento da inteligência artificial generativa, que facilita a criação de imagens e vídeos falsos, contribui para essa incerteza. Robbie Torney, diretor da Common Sense Media, destaca a importância de desenvolver um pensamento crítico em relação ao que consumimos.

Os adolescentes, que costumam se comunicar por meio de imagens e memes, agora enfrentam um dilema: como distinguir o que é real do que é fabricado? Mais de 70% dos jovens que já se depararam com conteúdo enganoso afirmam que isso alterou sua percepção sobre a veracidade das informações. A confiança nas imagens foi abalada, levando muitos a examinar detalhes, como o número de dedos em fotos de pessoas, uma falha comum em imagens geradas por IA. Essa desconfiança se estende também à vida offline, onde muitos jovens expressam ceticismo em relação a instituições e informações tradicionais.

A necessidade de rotulagem para conteúdos gerados por IA é uma demanda crescente entre os adolescentes, com 74% deles acreditando que deveria haver avisos visíveis sobre os riscos associados a esse tipo de conteúdo. Torney ressalta que, assim como aprendemos a avaliar a mídia tradicional, devemos aplicar essas habilidades críticas ao conteúdo gerado por IA. Essa rotulagem poderia ajudar a restaurar a confiança, mas ainda assim exigiria que os jovens questionassem e analisassem o que veem.

A desconfiança generalizada pode levar a conexões mais superficiais entre os jovens, dificultando a construção de relacionamentos significativos. A crescente artificialidade nas interações online pode intensificar a solidão e a ansiedade entre os adolescentes. A questão que permanece é: como construir um entendimento verdadeiro do mundo quando a base de informações é permeada por incertezas e desconfiança?