27 de mar 2025
Psicóloga destaca os riscos do discurso masculinista na formação da identidade juvenil
A série "Adolescência" provoca reflexão sobre masculinidade e violência de gênero, abordando a crise de identidade entre jovens.
'O discurso masculinista está chegando nos meninos muito cedo', diz psicóloga sobre radicalização de jovens na internet (Foto: Getty Images)
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A série "Adolescência" tem gerado intensos debates sobre masculinidade, violência de gênero e a crise nas escolas, especialmente em relação à influência de discursos masculinistas nas redes sociais. A trama gira em torno de Jamie Miller, um adolescente de 13 anos acusado de assassinar sua colega Katie. Ao longo dos episódios, a narrativa revela como ideologias misóginas, disseminadas em comunidades online, afetam o comportamento dos jovens. A psicóloga Anna Cláudia Eutrópio destaca que “a proliferação desse discurso masculinista está chegando nos meninos muito cedo”, enfatizando a fragilidade da construção da identidade nessa faixa etária.
Eutrópio, com mais de 20 anos de experiência em educação sexual, observa que muitos jovens se expõem a esses discursos sem espaços adequados para discussão. Ela ressalta que “as figuras masculinas vêm com carga afetiva”, e a ausência dessas vozes pode levar os adolescentes a aceitarem as narrativas da internet como verdades absolutas. A série também aborda a influência negativa de pais, escola e amigos no desenvolvimento emocional dos adolescentes, o que pode resultar em comportamentos prejudiciais.
A psicóloga aponta ainda para um “etarismo” entre adultos, que desqualificam as expressões dos jovens, afastando-os. Ela defende que é crucial ouvir os adolescentes sem desmerecer suas experiências, pois a desqualificação pode levar ao silêncio e à falta de diálogo. A crise na masculinidade, conforme Lucas Castor, autor do livro "Cavalo", não se limita aos jovens, mas também afeta homens mais velhos, que lidam com questões como envelhecimento e impotência sexual, refletindo sobre a dificuldade de verbalizar sentimentos.
Castor observa que a masculinidade tem sido moldada historicamente em oposição a categorias de gênero, e a falta de clareza sobre o que significa ser homem hoje é um sinal de mudança. Ele destaca que a violência frequentemente surge quando a masculinidade se sente ameaçada, citando o Brasil, que possui uma das maiores taxas de feminicídio do mundo, com 3,5 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. Para ele, iniciativas como o movimento Leia Mulheres são essenciais para ampliar a visão sobre masculinidade e reduzir a violência contra as mulheres, promovendo um ambiente onde homens possam expressar suas vulnerabilidades.
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