Consumo de café cai 5% nos primeiros meses de 2025 devido à alta de preços

O consumo de café no Brasil registrou uma queda de 5,13% no primeiro quadrimestre de 2025, com uma redução acentuada de 15,96% em abril em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Durante os primeiros quatro meses do ano, o país consumiu 4,75 milhões de sacas de 60 kg, segundo dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Essa pesquisa, que monitora o varejo, representa entre 73% e 78% do consumo interno.

Os dados refletem uma mudança significativa nos hábitos dos consumidores, com quase 49% dos brasileiros afirmando ter diminuído a ingestão de café devido aos altos preços. O início do ano foi promissor, com crescimento modesto em janeiro e fevereiro, mas a situação se inverteu em março, quando o consumo caiu 4,87%, e a queda se acentuou em abril.

Preços em Alta

A redução no consumo ocorre em um contexto de alta histórica nos preços do café, que acumulou uma inflação de 80,2% nos últimos 12 meses, a maior desde o início do Plano Real. A Abic expressou preocupação com a situação, especialmente com a proximidade do Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio. O presidente da Abic, Pavel Cardoso, destacou que a indústria enfrenta desafios financeiros, pois as empresas não conseguiram repassar os aumentos de custo para o consumidor final.

O café verde, por sua vez, também enfrentou altas significativas devido a adversidades climáticas e a queda nos estoques globais. O preço da commodity saltou de US$ 1,53 por libra-peso em outubro de 2023 para mais de US$ 4,10 em abril de 2025, um aumento de quase 170%. Atualmente, os estoques mundiais estão em 20,9 milhões de sacas, o menor volume em 25 safras.

Perspectivas Futuras

A safra de 2025 do Brasil, que representa cerca de 40% do café consumido globalmente, deve ser inferior ao esperado, levando o mercado a aguardar sinais do próximo ciclo. Apesar das expectativas de uma boa safra em 2026, analistas alertam que isso pode não ser suficiente para recompor as reservas globais, e a tendência de preços elevados deve persistir no médio prazo.