19 de mar 2025
Inteligência artificial pode acentuar desigualdade de gênero no mercado de trabalho
A automação e a IA podem aumentar a disparidade de gênero no trabalho. Mulheres em setores formais estão mais expostas à automação pela IA. O trabalho híbrido é visto como benéfico para a carreira feminina. Retornos ao trabalho presencial afetam negativamente o bem estar das mulheres. A implementação responsável da IA é crucial para promover a inclusão.
Luana Génot, do ID_BR: “A IA, por si só, não é neutra ou sem viés, ela perpetua aquilo que já está posto. Para reverter, só mesmo sendo afirmativo e intencional” (Foto: Divulgação)
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As mudanças no mundo do trabalho, impulsionadas pelo avanço da inteligência artificial (IA), podem acentuar a disparidade de gênero entre os trabalhadores. Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que entre 26% e 38% dos empregos na América Latina podem ser afetados pela IA generativa, com até 5% em risco de automação total. Mulheres em áreas urbanas, mais jovens e com maior nível de escolaridade estão mais vulneráveis a essa transformação, conforme a OIT. A especialista Carolina Zillig, da consultoria Mercer, destaca que a IA não tem um viés intrínseco, e a forma como as empresas e os formuladores de políticas lidam com essa transição será crucial para determinar seu impacto nas desigualdades de gênero.
A CEO da plataforma Futuros Possíveis, Angelica Mari, ressalta que a disparidade no acesso à educação tecnológica pode dificultar a adaptação das mulheres às novas exigências do mercado. Ela enfatiza que a implementação da IA e a governança ao redor dela serão determinantes. Se houver um esforço consciente para promover a diversidade e políticas de requalificação justas, a IA poderá contribuir para a redução das desigualdades. A Mercer aponta que funções como atendimento ao cliente e recrutamento, onde a presença feminina é significativa, estão entre as mais impactadas pela automação, enquanto áreas de tecnologia e análise de dados, dominadas por homens, estão em ascensão.
O uso da IA nos processos de recrutamento levanta preocupações, pois, embora possa aumentar a eficiência, também pode perpetuar vieses existentes. Um exemplo é a ferramenta de recrutamento da Amazon, que foi descontinuada por discriminar candidatas mulheres. Mari alerta que a subrepresentação feminina no desenvolvimento de IA pode reforçar esses vieses. Para mitigar esses riscos, as empresas devem revisar continuamente seus algoritmos e garantir a diversidade nas bases de dados utilizadas. A supervisão humana nas decisões de recrutamento é essencial, segundo Thalita Gelenske, da consultoria Blend Edu.
A questão dos formatos de jornada de trabalho, como remoto ou híbrido, também pode afetar a equidade de gênero. Uma pesquisa do International Workplace Group (IWG) revela que 71% das mulheres que trabalham em escritórios nos EUA e no Reino Unido consideram o trabalho híbrido positivo para suas carreiras. No Brasil, onde as mulheres ainda assumem a maior parte das responsabilidades domésticas, o trabalho híbrido oferece a flexibilidade necessária para equilibrar essas demandas. A CEO da Remota, Sylvia Hartman, observa que o retorno ao trabalho presencial pode prejudicar o bem-estar feminino, com dados da Deloitte indicando que 26% das mulheres relataram piora na saúde mental sob essa pressão.
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