Carregar ou vender: como agir diante da desvalorização de títulos de renda fixa?

Os investidores em renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto e debêntures, podem enfrentar prejuízos além de calotes, especialmente devido à marcação a mercado. Este conceito reflete o valor atual de um ativo, considerando as condições do mercado, como taxas de juros e oferta. Por exemplo, o Tesouro Prefixado 2035 teve uma rentabilidade negativa de -8,95% nos últimos doze meses, o que pode levar investidores a considerar a venda do título. Contudo, especialistas alertam que essa venda só concretiza o prejuízo se o título for vendido antes do vencimento.

A marcação a mercado é calculada com base na comparação entre a taxa contratada e a taxa atual. Quando a taxa de mercado é maior, o valor do título diminui. Um investidor que comprou um título IPCA+ com vencimento em 2029 a 7,05% pode receber apenas R$ 20.072 se vender hoje, enquanto se mantiver até o vencimento, receberá R$ 32.106. Essa diferença ilustra como a venda antecipada pode resultar em perdas, mesmo que o valor investido inicialmente seja quase recuperado.

Os especialistas recomendam cautela ao realizar vendas antecipadas, especialmente se o investidor não estiver confortável com o risco do emissor ou se desejar um título de vencimento mais curto para reduzir a volatilidade. Thiago Manso, da XP, afirma que "só faz sentido realizar prejuízo se o movimento te tirar do ativo original". Além disso, Mariana Conegero, planejadora financeira, sugere que o investidor deve avaliar cada caso antes de decidir pela troca de ativos.

Para aqueles preocupados com a possibilidade de taxas mais altas no futuro, Manso aconselha a ter um horizonte de investimento claro. A renda fixa, se mantida até o vencimento, garante o retorno contratado, e a diminuição do prazo pode ajudar a mitigar riscos. Portanto, um planejamento cuidadoso é essencial para evitar que os resultados dependam da marcação a mercado.