Ressurgimento do ofício de relojoeiro atrai jovens em busca de novas carreiras

A indústria relojoeira enfrenta uma nova onda de interesse, especialmente entre os jovens, após anos de declínio. A escassez de mão de obra, causada pela aposentadoria de relojoeiros experientes, agora é contrabalançada por um aumento na demanda por formação em relojoaria. Escolas, como a Kelloseppäkoulu, na Finlândia, estão vendo um número crescente de inscrições, incluindo estudantes de diversos países.

O diretor do Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça (WOSTEP), Johann Kunz-Fernandez, destacou que a presença de jovens na feira Watches and Wonders, realizada em Genebra, foi notável. Ele afirmou que esses jovens podem ser um "ponto de salvação" para a indústria. O aumento do interesse por marcas independentes e o mercado de revenda de relógios vintage também contribuem para essa revitalização.

Novas Iniciativas

A Kelloseppäkoulu, uma das mais renomadas escolas de relojoaria, introduziu um curso em inglês devido à alta demanda. A diretora, Hanna Harilainen, observou que muitos jovens desejam criar suas próprias marcas, buscando produtos duráveis e personalizados. Essa nova geração traz abordagens inovadoras, como o uso de plataformas digitais para compartilhar experiências e promover suas criações.

Entre os novos talentos, destacam-se Johannes Kallinich e Thibault Claeys, que fundaram a Kallinich Claeys em 2022. Eles buscam revitalizar a relojoaria tradicional, combinando materiais clássicos e modernos. A dupla planeja produzir apenas de dez a doze relógios por ano, enfatizando a importância do toque humano na fabricação.

Mudanças na Demografia

A relojoaria também atrai pessoas em diferentes fases da vida. Tiina Virtanen, que se formará na Kelloseppäkoulu, trocou uma carreira de engenheira civil pela relojoaria, buscando um trabalho mais manual. Jatta Berggren, ex-empreendedora, compartilha essa visão, ressaltando a necessidade de diversidade na indústria.

Embora as mulheres tenham sempre participado da relojoaria, sua representação como relojoeiras ainda é baixa. A jovem relojoeira Shona Taine, a primeira mulher admitida na Académie Horlogère des Créateurs Indépendants, busca mudar essa realidade. Ela acredita que a percepção de que mulheres podem ser tão talentosas quanto homens em engenharia de precisão está mudando, embora ainda enfrente desafios.