Economia

LCA se destaca como elo entre governo, agro e bancos no cenário econômico atual

A Letra de Crédito do Agronegócio assume liderança no financiamento rural, enquanto recursos públicos perdem espaço e geram preocupações sobre sustentabilidade.

Wenderson Araujo/Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Wenderson Araujo/Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Ouvir a notícia

LCA se destaca como elo entre governo, agro e bancos no cenário econômico atual - LCA se destaca como elo entre governo, agro e bancos no cenário econômico atual

0:000:00

O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que historicamente dependia de recursos públicos, enfrenta uma transformação significativa. Em 2025, a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) se tornou a principal fonte de financiamento rural, representando 43% do crédito, enquanto a participação de recursos públicos caiu drasticamente.

A LCA, criada em 2004, passou de uma participação de apenas 3% em 2015 para a liderança atual, refletindo uma mudança na dinâmica de financiamento. O crédito rural, antes sustentado por mecanismos governamentais, agora depende majoritariamente do mercado. Essa transição levanta preocupações sobre a sustentabilidade do financiamento agrícola, já que a LCA é vista como uma fonte instável e especulativa.

Os dados do Banco Central mostram que, em apenas cinco anos, o volume de aplicações em LCAs cresceu 380%, saltando de R$ 117 bilhões para R$ 559,94 bilhões. Essa mudança é impulsionada por uma combinação de esforços privados das instituições financeiras e ajustes regulatórios que aumentaram a obrigatoriedade de destinação de recursos da LCA para o crédito rural.

Impactos e Críticas

A crescente dependência da LCA levanta questões sobre a viabilidade do crédito rural. Especialistas alertam que a financeirização do crédito pode comprometer a oferta de produtos agrícolas, especialmente para pequenos produtores que não têm acesso a commodities de exportação. Sergio Pereira Leite, professor da UFRRJ, critica a instabilidade do sistema atual, afirmando que a mudança para fontes de financiamento de mercado pode resultar em endividamento para os agricultores.

Além disso, a proposta de taxação de 5% sobre os rendimentos das LCAs, prevista em uma medida provisória do governo, enfrenta resistência no Congresso. A Frente Parlamentar Agropecuária defende a manutenção da isenção fiscal e busca aumentar a participação da LCA no crédito rural, o que poderia agravar a já alta renúncia fiscal associada a esses títulos.

O Futuro do Crédito Rural

O SNCR, que completou 60 anos em 2025, está em um momento crítico de reavaliação. A mudança na origem dos recursos de financiamento pode impactar diretamente a política pública voltada para o setor agrícola. A dependência crescente do mercado privado para o crédito rural sugere uma nova era, onde as instituições financeiras têm maior liberdade para definir as condições de financiamento, muitas vezes em desacordo com as necessidades dos produtores.

A discussão sobre o papel do Estado no financiamento do agronegócio continua a ser um tema central, com vozes tanto a favor quanto contra a intervenção pública. O futuro do crédito rural no Brasil dependerá de como essas dinâmicas se desenrolarão nos próximos anos, especialmente em um cenário econômico volátil.

Meu Tela
Descubra mais com asperguntas relacionadas
crie uma conta e explore as notícias de forma gratuita.acessar o meu tela

Perguntas Relacionadas

Participe da comunidadecomentando
Faça o login e comente as notícias de forma totalmente gratuita
No Portal Tela, você pode conferir comentários e opiniões de outros membros da comunidade.acessar o meu tela

Comentários

Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.

Meu Tela

Priorize os conteúdos mais relevantes para você

Experimente o Meu Tela

Crie sua conta e desbloqueie uma experiência personalizada.


No Meu Tela, o conteúdo é definido de acordo com o que é mais relevante para você.

Acessar o Meu Tela