Nolan Oswald Dennis desafia o conhecimento e a autoridade em nova exposição no Zeitz MOCAA

A exposição "Understudies", do artista Nolan Oswald Dennis, nasceu no Zeitz Museum of Contemporary Art Africa, em Joanesburgo, e propõe uma reflexão sobre estruturas de conhecimento e poder. A mostra começa com uma sala de leitura que apresenta uma imponente estrutura de aço e desenhos de pesquisa, mas, curiosamente, é o final da exposição. Essa inversão de expectativas estabelece um tom provocativo, alinhado à proposta de desafiar conceitos fixos, como astronomia e soberania territorial. Dennis colabora com funcionários do museu na criação de obras, como Xenolith (Letsema), 2024, que utiliza solo empacotado e dialoga com as colunas centenárias do silo onde o museu está localizado.

O trabalho Superposition, 2024, destaca-se como uma instalação sonora imersiva que explora a relação entre terra e tempo profundo, utilizando dados sísmicos coletados durante a pandemia. Com um sistema de som infrassônico, a obra capta vibrações da Terra, revelando a necessidade de ouvir o planeta e questionando os limites do conhecimento humano. A exposição também reflete sobre a interação entre corpo e espaço, com obras como Izintaba (Hottentots-Holland), um filme que simula montanhas, criando uma experiência envolvente para o espectador.

Dennis também aborda diálogos entre pensadores radicais, como Steve Biko e Frantz Fanon, em Biko.Fanon (2018), utilizando algoritmos para recriar conversas sobre amor e solidariedade. Essa abordagem sugere que a libertação radical deve ser fundamentada em uma ética de amor, conforme descrito por bell hooks. A escultura Soft Rock (leNqaba yo Mkhosi), que apresenta um assento com a imagem de uma pedra, simboliza a resistência e a luta das mulheres, evocando a força histórica dos movimentos de resistência.

A exposição "Understudies" desafia a lógica convencional de produção de conhecimento, propondo experimentações em busca de libertação. Embora as obras de Dennis sejam esteticamente elegantes, surge a questão sobre a possibilidade de que essa abstração possa diluir a gravidade das injustiças que critica. A reflexão se estende à eficácia da arte como meio de escapar ou transformar realidades opressivas, deixando em aberto o debate sobre o papel da arte na construção de novos mundos.