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Os Estaduais e seu impacto no futebol brasileiro

Novo presidente da CBF pode alterar tradição com décadas de história

O campeonato paulista foi o primeiro estadual a ser disputado - Foto: Jhony Inácio/Ag. Paulistão

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Nos últimos dias, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) entrou em uma nova fase com a demissão de Ednaldo Rodrigues e a chegada de Samir Xaud, até então presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF). O ex-dirigente vinha sendo criticado por decisões anteriores, o que aumenta a expectativa em torno do novo comando. Samir assume como candidato único, com apoio de 25 federações e 10 clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista, Samir abordou a situação dos campeonatos estaduais e defendeu a necessidade de uma reformulação em sua estrutura. Segundo ele, o calendário do futebol brasileiro é apertado e impõe uma carga excessiva aos clubes, o que pode causar lesões nos atletas e comprometer o ritmo das partidas, reiterando que o desmantelamento dos estaduais não é está em pauta, mas sua reformulação sim.

Com a proposta levantada pelo então futuro presidente, surge uma dúvida comum — especialmente entre os novatos no universo do futebol: por que não simplesmente extinguir os estaduais, já que isso beneficiaria os clubes? A resposta passa pelo peso histórico dessas competições, que vão além de uma preparação de pré-temporada, mas sim mecanismos que ajudaram a moldar o futebol como o conhecemos hoje.

A IMPORTÂNCIA DOS ESTADUAIS

O Brasil, por sua grande diversidade regional e territorial, tornou inviável a criação imediata de um campeonato nacional, principalmente devido a dificuldades de deslocamento e comunicação. Por isso, os primeiros torneios organizados foram os estaduais, começando em 1902 com o que hoje é conhecido como Paulistão. Com o passar do tempo, outros estaduais surgiram, o que levou ao surgimento de competições regionais, como o Torneio Rio-São Paulo, criado a partir da tentativa de instituir um campeonato nacional em 1922.

Com o tempo, o futebol foi se popularizando por meio das competições estaduais, que atraíam o público local e começavam a dar visibilidade aos times. Além de serem os principais torneios da época, também eram prioridades para os clubes e se tornaram o maior troféu que um time podia conquistar. Até a popularização dos campeonatos nacionais, os estaduais impulsionaram o futebol brasileiro e funcionaram como porta de entrada para o esporte como o conhecemos hoje.

Atualmente, os estaduais continuam sendo importantes para clubes e jogadores menores. Mesmo que tenham menos visibilidade sobre outros torneios, essas competições reúnem times da primeira divisão com clubes menores, o que ajuda a destacar essas equipes e impulsionar suas trajetórias no esporte. Além disso, revelam talentos até então pouco conhecidos, que encontram no estadual a chance de se alavancarem, seja em clubes menores ou entre jogadores jovens com menor espaço em times maiores, que ganham oportunidades em partidas de menor destaque.

Os estaduais também despertam muita paixão entre os torcedores, com times conquistando títulos em cima de rivais, além de contribuir para a formação dessas rivalidades históricas no futebol brasileiro. Esses torneios ainda abrem caminho para uma nova temporada e ajudam a matar a saudade dos fãs após o fim da temporada passada.

O PROBLEMA NO CALENDÁRIO

Porém, apesar da tradição e da paixão envolvidas nos estaduais, há críticas sobre a forma como são administrados atualmente, especialmente por torcedores, que apontam a sobrecarga de jogos nos seus times. Os estaduais acabam aumentando a quantidade de partidas disputadas pelos times no início da temporada.

Em 2024, a média de jogos entre os 20 times da Série A foi de aproximadamente 69, com destaque para o Botafogo, que disputou 75 partidas ao longo do ano, tornando-se o clube que mais entrou em campo no mundo, onde Quinze desses jogos foram pelos torneios estaduais do Rio de Janeiro.

Esse número elevado de jogos acarreta problemas como maior risco de lesões, cansaço da equipe, queda no desempenho técnico e pouco tempo de treino entre as partidas. Muitas pessoas atribuem esses fatores aos estaduais, somados ao calendário sul-americano, que vai do início ao fim do ano, diferente do modelo europeu, que ocorre entre a passagem de anos.

CONCLUSÃO

Com a entrada de Samir Xaud no cargo de chefe da CBF, sua crítica ao calendário brasileiro agora se torna um trabalho que deve ser executado. O equilíbrio entre os estaduais e as necessidades do futebol brasileiro é o principal ponto a ser levado em conta durante uma eventual reformulação desses torneios, com medidas que preservem sua história ao mesmo tempo que reduzam a sobrecarga dos clubes. O futuro dos estaduais depende de sua capacidade de modernizar o calendário sem abrir mão da paixão que move torcedores e times em todo o país.

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