17 de fev 2025
Brasileiro revela torturas e golpes forçados em Mianmar sob controle da máfia chinesa
Phelipe de Moura Ferreira e Luckas Viana foram vítimas de tráfico humano em Mianmar. Ambos foram forçados a aplicar golpes digitais, sob tortura e ameaças constantes. A fuga ocorreu em uma operação da ONG Exodus Road, libertando 85 reféns. O aliciamento é feito por meio de redes sociais, atraindo vítimas com falsas promessas. Mianmar enfrenta uma grave crise de tráfico humano, com milhares de reféns.
Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, conta que se passou por uma modelo chinesa para aplicar golpes. (Foto: Reprodução)
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O brasileiro Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos, relatou os meses de sofrimento como refém da máfia chinesa em Mianmar, onde foi forçado a se passar por uma modelo para aplicar golpes. Ele e outros brasileiros foram atraídos por propostas de emprego que prometiam altos salários, mas acabaram em uma armadilha. Phelipe descreveu que, ao chegar ao local, passou quatro dias escrevendo um script para enganar vítimas, principalmente brasileiras, através de plataformas como Instagram e WhatsApp. Ele tinha metas financeiras a cumprir, que variavam de US$ 5 mil a US$ 10 mil, e enfrentou torturas físicas e psicológicas.
Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, também foi vítima e ficou preso por cinco meses. Ambos foram contatados via Telegram e, após chegarem a Mianmar, tiveram seus passaportes confiscados e foram isolados do mundo exterior. Para escapar, Phelipe e Luckas fugiram com um grupo de 85 pessoas, após um acordo entre a ONG Exodus Road Brasil e o Exército Budista Democrático Karen (DKBA), que atua na região. A fuga ocorreu em um contexto de guerra civil, onde a máfia chinesa opera com impunidade, forçando imigrantes a gerar lucros exorbitantes com golpes.
A ONG que ajudou na libertação dos brasileiros revelou que a máfia obriga cada refém a arrecadar US$ 100 mil por semana. Torturas, como choques elétricos e espancamentos, eram comuns, e muitos eram forçados a trabalhar até 20 horas por dia. Após a fuga, Phelipe e Luckas foram encontrados em um abrigo na Tailândia, onde aguardam repatriação. O pai de Phelipe criticou a falta de apoio do governo brasileiro, que, segundo ele, só começou a agir após a libertação dos jovens.
O tráfico humano em Mianmar tem crescido, com o Ministério Público Federal denunciando casos de brasileiros aliciados por falsas promessas de emprego. Em 2023, o Brasil registrou 126 denúncias de tráfico internacional de pessoas. A situação no país é alarmante, com a ONU estimando que 120 mil pessoas estão sendo mantidas reféns globalmente. O Ministério das Relações Exteriores alerta os brasileiros a evitarem viagens a Mianmar, especialmente em regiões de conflito, e destaca a necessidade urgente de programas de assistência às vítimas.
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