06 de mai 2025
Universidades alemãs enfrentam denúncias de abuso de poder e assédio acadêmico
Abusos de poder e assédio marcam a academia na Alemanha, levando a uma mobilização por reformas estruturais em defesa de pesquisadores.
Ilustração: Sébastien Thibault (Foto: Reprodução)
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A academia na Alemanha enfrenta um grave problema de bullying e assédio, especialmente contra mulheres e estudantes internacionais. Recentemente, um grupo de pesquisadores formou a Rede por uma Pesquisa Sustentável para promover reformas estruturais, em meio ao aumento das queixas sobre abusos e pressão por mudanças nas condições de trabalho.
Um caso emblemático envolve um renomado pesquisador de biologia em uma das universidades mais bem financiadas do país. Ele é acusado de bullying e de impor demandas irreais a seus subordinados, com foco em mulheres e estudantes internacionais. Quatorze membros atuais e ex-integrantes de seu laboratório relataram que, se as exigências não forem atendidas, ele retira cartas de recomendação e aprovações de folgas. Além disso, o professor é conhecido por enviar e-mails depreciativos a potenciais empregadores.
A universidade está ciente do comportamento do professor, mas não houve investigação, pois os reclamantes pediram anonimato, temendo retaliações. A legislação trabalhista alemã dificulta a manutenção desse anonimato durante investigações. A falta de supervisão efetiva e a hierarquia acentuada nas instituições acadêmicas contribuem para a perpetuação de abusos.
Daniel Leising, professor da Universidade Técnica de Dresden, destaca que a cultura acadêmica na Alemanha normaliza esse tipo de comportamento. A Rede por uma Pesquisa Sustentável, formada em abril de 2024, busca identificar e defender reformas estruturais para proteger pesquisadores em início de carreira, que frequentemente enfrentam contratos temporários e insegurança.
Estudos recentes indicam que cerca de 23% dos pesquisadores na Alemanha relataram ter sofrido abuso de poder nos últimos dois anos. O aumento das queixas é visto como um sinal positivo de que o problema está sendo mais discutido. A Conferência dos Reitores da Alemanha prioriza o combate ao abuso de poder acadêmico, reconhecendo que a transparência é essencial para a melhoria do ambiente de trabalho nas universidades.
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