PT concentra R$ 640 milhões em programa de cisternas para famílias carentes

Uma Organização Não Governamental (ONG) ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu R$ 640,1 milhões, correspondendo a 85% do total do programa de cisternas do Ministério do Desenvolvimento Social, sob a liderança de Wellington Dias. O programa, criado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, visa fornecer água potável a famílias em situação de vulnerabilidade no semiárido.

A Associação Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (P1MC), presidida por dois filiados ao PT desde 1987, foi a beneficiada com o maior volume de recursos já repassado a uma única ONG desde o início do programa. O total do orçamento do programa é de R$ 755,8 milhões. A P1MC argumenta que sua seleção se deu por meio de um edital que prioriza a experiência na construção de cisternas.

Entre as entidades subcontratadas pela P1MC, trinta e sete são dirigidas por filiados ao PT, recebendo R$ 152 milhões, o que representa 33,9% do montante total. A Cooperativa para o Desenvolvimento Rural e Sustentável da Agricultura Familiar do Piauí (Cootapi), por exemplo, recebeu R$ 9 milhões para construir 775 cisternas.

Problemas Identificados

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que 31% das cisternas avaliadas apresentaram defeitos, como vazamentos e infiltrações. Dessas, 10% estavam inutilizáveis devido a rachaduras. A CGU também destacou a concentração de recursos na P1MC como um ponto de atenção, embora tenha afirmado que os riscos estão controlados.

O ministério negou irregularidades e afirmou que a seleção das ONGs não considerou vínculos político-partidários. A P1MC defende que o processo é legal, auditável e impessoal. A retomada do programa de cisternas ocorre após cortes significativos durante o governo de Jair Bolsonaro, que resultaram na entrega de apenas três mil unidades em 2022, em contraste com a média de cinquenta e oito mil por ano até 2018.

Investigação em Andamento

Após assumir o ministério, Wellington Dias ordenou uma revisão dos contratos e investigações sobre possíveis desvios. O programa de cisternas, que já recebeu mais de R$ 2 bilhões ao longo de 22 anos, é parte do projeto Água para Todos, que visa beneficiar mais de 100 mil famílias até 2026. A Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU) também estão investigando o programa e suas práticas de contratação.