Ana Maria Gonçalves se candidata à Academia Brasileira de Letras e pode fazer história

A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do renomado romance "Um Defeito de Cor", se inscreveu na tarde desta terça-feira para a vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), deixada pela morte do linguista Evanildo Bechara. A candidatura ocorre após a sessão de saudade em homenagem a Bechara, realizada às 16h. Se eleita, Gonçalves se tornará a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na ABL, um marco significativo na história da instituição.

A escritora, que atualmente reside no Rio de Janeiro, é considerada favorita para a vaga, especialmente após a candidatura frustrada de Conceição Evaristo há sete anos. Evaristo, que recebeu apenas um voto contra 22 do cineasta Cacá Diegues, criticou a falta de representatividade na ABL. Atualmente, os únicos acadêmicos negros na instituição são o compositor Gilberto Gil e o escritor Domício Proença Filho. Ailton Krenak foi o primeiro indígena a ingressar na ABL, no ano passado.

Gonçalves é amplamente reconhecida por seu trabalho em "Um Defeito de Cor", um romance histórico de 950 páginas que retrata a vida de Kehinde, inspirado na trajetória de Luiza Mahin. A obra se tornou uma referência literária no Brasil e recentemente foi destacada como o melhor livro brasileiro do século XXI pela Folha de S.Paulo. Além disso, a narrativa inspirou uma exposição e foi tema de um samba-enredo da escola de samba Portela para o desfile de 2024.